Os Estados Unidos e o Reino Unido planejam começar a vacinar sua população contra a covid-19 em dezembro, caso seja confirmada a eficácia e segurança do imunizante desenvolvido em parceria pela Pfizer e BioNTech, segundo publicado na Reuters. Diante do anúncio, surge a questão: seria possível viajar para tomar a vacina contra a covid-19 em outro país?
Primeiramente, é preciso lembrar de dois fatos: está mais difícil viajar para o exterior devido às restrições impostas para frear a disseminação do coronavírus e a concretização de planos para imunização em massa depende da aprovação de uma vacina por autoridades sanitárias nacionais.
Depois que isso acontecer, uma quantidade restrita de doses estará disponível e será destinada a pessoas específicas, conforme estabelecido por cada país, destaca a pediatra Flávia Bravo, presidente da Regional do Rio de Janeiro da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e coordenadora médica do CBMEVi (Centro Brasileiro de Medicina do Viajante).
"A partir do momento que exista a vacina licenciada, cada país terá suas regras. Se a Inglaterra vai permitir que estrangeiros que não são cidadãos sejam vacinados, não se sabe. Mas mesmo que seja permitido, o país vai priorizar seus cidadãos e vão ser estabelecidos grupos prioritários", explica.
No Reino Unido, por exemplo, os grupos preferenciais serão os idosos e trabalhadores do setores de saúde e assistência social.
"A logística é complexa, as incertezas são reais e a escala da tarefa é enorme, mas sei que o NHS [sistema público de saúde do Reino Unido], brilhantemente auxiliado pelas Forças Armadas, estará à altura da tarefa", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, à Reuters.
Flávia acrescenta que as vacinas aprovadas serão incluídas em programas nacionais de vacinação, com doses e estratégias determinadas com base nos dados demográficos de cada nação. Mesmo assim, não será possível suprir toda a demanda local.
"Não valeria a pena viajar para se vacinar, é preciso aguardar. As vacinas farão parte de programas públicos, abertos para a população de cada país e são calculadas com base nisso. No curto e médio prazo terá vacina faltando, e não sobrando", pondera.
Além disso, ainda existem muitas incertezas. "Eu não sei quais vacinas terão [disponibilizadas], qual o tempo de viagem, quanto tempo a pessoa precisa ficar no país para fazer o esquema de duas doses [que deve ser necessário, a depender do imunizante aprovado]", cita a especialista.
Ela aconselha que pessoas que estejam dispostas a sair do Brasil para se vacinar desenvolvam confiança nas vacinas por aqui, pois qualquer uma que receber autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) será segura.
Vale ressaltar que não é possível tomar mais de uma vacina contra a covid-19, pois há o risco de eventos adversos graves, conforme Flávia já explicou em entrevista ao R7, já que nenhum imunizante passa por testes para verificar como seria sua interação com os outros.
Fonte: R7
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