15/01/2022 07:35:51
Saúde
Surto de gripe se espalha no Brasil e atinge ao menos 22 estados
Explosão de casos de influenza pode também mascarar dimensão da terceira onda da Covid, já admitida pelo governo Bolsonaro
ANTONIO LACERDA/EFE - 04.01.2022Falta de testes coloca Brasil no escuro para saber dimensão da Covid e influenza

 O surto de gripe que se espalhou pelo Rio de Janeiro e São Paulo no final do ano passado agora atinge pelo menos 22 estados e o Distrito Federal, que confirmaram o aumento de casos, óbitos e atendimentos por conta da variante H3N2 da influenza. O espalhamento do vírus foi confirmado pelas secretarias estaduais de Saúde ao R7.

São eles:

- Acre
- Amapá
- Amazonas
- Bahia
- Ceará
- Espírito Santo
- Goiás
- Maranhão
- Mato Grosso do Sul
- Minas Gerais
- Pará
- Paraná
- Pernambuco
- Piauí
- Rio de Janeiro
- Rio Grande do Norte
- Rio Grande do Sul
- Rondônia
- Roraima
- Santa Catarina
- São Paulo
- Tocantins

Os outros quatro estados (Alagoas, Sergipe, Mato Grosso e Paraíba) não responderam aos questionamentos da reportagem. No entanto, ao menos três das capitais desses estados, Maceió, Cuiabá e João Pessoa, também registraram um surto de gripe nas últimas semanas.

O levantamento revela ainda que os estados somam, pelo menos, 55 óbitos e outros 2.719 casos confirmados da H3N2.

Ômicron
A variante Ômicron do novo coronavírus também é apontada como uma das culpadas pela explosão de casos de síndrome gripal e até o governo Bolsonaro já admite uma nova onda da pandemia no Brasil por conta da cepa. Em Santa Catarina, por exemplo, os casos de Covid-19 aumentaram 560% de uma semana para outra no final de 2021.

Com o avanço dos dois vírus ao mesmo tempo, especialistas afirmam que o apagão de dados do Ministério da Saúde torna ainda mais difícil de entender o impacto de cada uma das infeccções por trás do surto de casos de síndrome gripal no país.

O chefe médico da healthtech Hilab, Bernardo Almeida, estima que somente os casos de Covid notificados oficialmente são pelo menos quatro ou cinco vezes menores do que as infecções reais. Mesmo os casos registrados oficialmente no Brasil já estão próximos aos dos piores patamares da pandemia, com cerca de 92 mil infeccções por dia.

"A estimativa do IHME (Institute of Health Metrics and Economics), vinculada à Universidade de Washington, estima que nesse momento esteja ocorrendo mais de 1 milhão de novas infecções por dia no Brasil (...) As subnotificações tendem a se intensificar nos períodos de picos de circulação viral, justamente pelo número de testes não aumentar proporcionalmente no mesmo ritmo", comenta.

Falta de testes
Além do apagão de dados, a corrida dos brasileiros aos laboratórios e farmácias já traz falta de insumos para testes em diversos estados e alguns hospitais começam a priorizar os exames em pacientes com sintomas graves.

O avanço também já é sentido na fila de espera dos prontos socorros da rede pública e privada. O número de internados por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) tem crescido, como em São Paulo, onde houve um aumento de 223% na média móvel de internações novas por dia com ocupação de leitos exclusivos para pacientes de Covid-19 em um mês.

Outros consequências da piora do cenário epidemiológico vieram por meio do recuo das gestões na autorização de festas e eventos fechados, que foram liberados a partir do final do ano passado. O Carnaval de rua, antecipado por diversas autoridades após a grande adesão à vacinação, também foi sofreu uma série de cancelamentos nas capitais.

"É hora de cancelar eventos que promovam aglomerações, sejam eles em ambientes fechados ou em ambientes abertos", diz o epidemiologista e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Guilherme Werneck.

"Esse aumento súbito de casos em breve poderá levar uma pressão muito grande no sistema de saúde e gerar uma situação realmente complexa, que pode levar à desassistência de algumas populações. Então o momento não é realmente de liberalização."

Fonte: R7

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