Moradores relatam surgimento de rachaduras em casas no epicentro do tremor de terra em Arapiraca

Moradores do bairro Olho D'Água dos Cazuzinhos, localizado na área considerada epicentro de um tremor de terra de magnitude 2.1 no último dia 25, perceberam que rachaduras vêm surgindo nas casas desde que sentiram o abalo sísmico na região.

O estilista Daniel Rodrigues mostra as paredes rachadas, fissuras que, segundo ele, não existiam antes de sentir o tremor que balançou tudo na sua casa na última sexta-feira (25).

"Nenhuma rachadura existia aqui antes, agora está desse jeito", conta o estilista.

Somente no mês de agosto, Arapiraca teve três abalos sísmicos, segundo informações do Laboratório Sismológico (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Estudos preliminares indicam que a causa pode ser a acomodação de rochas em cima de placas tectônicas.

A vendedora Ana Cristina da Silva mora há sete anos no mesmo bairro. Ela afirma que, após o tremor mais forte, rachaduras que já existiam no imóvel aumentaram e surgiram novas. Uma fissura na parede do quarto já está tão grande que cabe até uma mão.

"Já estava rachado, mas não tinha tanto como tem agora, depois do abalo que teve. Eu não posso colocar as nossas vidas em risco ficando aqui nessa casa. Agora é procurar outra casa pra alugar, um local seguro para sair daqui", lamenta Ana Cristina.

A Defesa Civil de Arapiraca começou na terça-feira (29) uma inspeção na área do epicentro do tremor de terra, entre a rodovia AL-115 e o residencial Brisa do Lago. A ação é realizada em parceria com a Defesa Civil Estadual, a Defesa Civil de Maceió e o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM).

A inspeção também conta com uma visita técnica para identificar eventuais consequências do tremor nos imóveis da região, como fissuras e rachaduras relatadas pelos moradores do bairro Olho D'Água dos Cazuzinhos.

"O que a gente vem fazendo é buscar situações dos imóveis para ver se teve algum avanço nos imóveis já danificados e se tem alguma relação com o tremor o aumento de algumas rachaduras", explicou Lindomar Ferreira, coordenador da Defesa Civil de Arapiraca.

O medo de quem mora na área é de que novos tremores possam acontecer e piorar a situação de quem já vê as rachaduras aumentarem nas suas casas.

"Se fez isso na minha [casa], pode causar um dano maior. Se foi o abalo, realmente, futuramente, se tiver um mais forte, pode me prejudicar mais e a outras pessoas também", afirmou Daniel, um dos moradores da cidade que viram surgir as rachaduras nas paredes após o tremor.