Acabou a gordura de 13 pontos de vantagem do Botafogo na virada do turno, que ainda mantém a liderança do Campeonato Brasileiro após 32 rodadas, mas com os mesmos 59 pontos do Palmeiras e um a mais que o Bragantino. Com isso, as chances de título alvinegro despencaram de 60,75% para 39,46% após a derrota no clássico para o Vasco. Ainda é o favorito porque tem um jogo a menos que o Alviverde paulista e um confronto direto contra o Massa Bruta.
Sem vencer há quatro jogos, o Botafogo terá dois adversários diretos na briga pelo título nas próximas rodadas. Os alvinegros recebem o Grêmio na quinta-feira e encaram o Bragantino no domingo, em Bragança Paulista. O Tricolor gaúcho mantém apenas 2,64% de possibilidades de ser campeão, mas pode empatar em pontuação com o Alvinegro carioca se o vencer neste meio de semana e subir bastante suas chances de ficar com a taça.
Por ter um jogo a menos, o Bragantino supera o Palmeiras por pouco no percentual das chances de ser campeão. Enquanto a equipe do interior paulista subiu de 17,07% para 28,14%, a equipe alviverde foi de 18,07% para 26,63%. Ambos têm jogos difíceis e fora de casa neste meio de semana para tentar assumir a liderança do campeonato. O Braga pega o São Paulo na Vila Belmiro e o Palmeiras enfrenta o Flamengo no Maracanã.
m parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos todas as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.115 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013, que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente. Os dados ajudam a calcular as chances de cada equipe vencer os jogos restantes, fazendo 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.
Chances de permanecer na Série A
Completamente embolados na luta pela permanência na Série A do Brasileirão, Santos(38 pontos), Bahia(37), Vasco (37) e Cruzeiro(37) estão percentualmente bem próximos na disputa para escapar da queda. Coube à Raposa a desagradável vaga no Z-4 ao fim da 32ª rodada, mas, com um jogo a menos. A equipe mineira teve a maior queda nas chances de seguir na elite indo de 92,81% para 73,26%.
O Bahia está com o melhor percentual de permanência com 76,02% e terá dois jogos em casa seguidos para ficar ainda mais perto de garantir seu lugar no Brasileirão 2024. Vai receber o Cuiabá e o Athletico-PR, adversários que passam por fases irregulares.
O Vasco parece ter recuperado o bom momento, saiu do Z-4 e subiu suas chances de permanência de 35,86% para 71,38%. Foram duas vitórias em sequência sobre Cuiabá e o líder Botafogo, que dão esperanças para a reta final.
O Santos deixou escapar boa oportunidade de se afastar da zona de rebaixamento ao empatar diante do Cuiabá, em casa. Isso significou uma queda nas chances de permanência, que foram de 82,39% para 73,02%.
Mesmo matematicamente ainda sendo possível a permanência, Coritiba e América-MG não têm mais chances de seguir na Série A do Brasileirão em 2024, de acordo com as projeções feitas pelo Espião Estatístico.
Chances de Libertadores
Apenas os quatro primeiros colocados vão direto para a fase de grupos da Libertadores e, neste momento, Botafogo, Palmeiras e Bragantino parecem bem encaminhados. O Grêmio vem comprovando sua boa fase a cada rodada e desponta como favorito à quarta vaga direta. Com a quarta vitória seguida, desta vez diante do Bahia, subiu as chances de G-4 de 42,36% para 49%.
Por fora, estão Atlético-MG e Flamengo, justamente na quinta e na sexta posições respectivamente. Mesmo empatados em pontos, o Rubro-Negro tem mais chances de G-4 - 43,90% - entre outras coisas por ter um jogo a menos. No entanto, os 24,11% de possibilidades de o Galo terminar no G-4 não podem ser desconsiderados, lembrando que a equipe alvinegra enfrenta Fla e Grêmio, seus rivais diretos na luta para ficar nas quatro primeiras posições do Brasileirão.
Metodologia
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.096 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Gabriel Leonan, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Victor Gama.
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