Entre jogadores e técnicos, a elite do futebol brasileiro conta com 88 profissionais estrangeiros. Dentro das quatros linhas, são 82 atletas nascidos em outros países. Os futebolistas internacionais têm conquistado cada vez mais espaço e os três principais times do Brasil, Palmeiras, Atlético-MG e Flamengo, contam com destaques gringos, como Gustavo Gómez e Piquerez, pelo atual bicampeão da América, Nacho Fernández, no Galo, e Arrascaeta, no Rubro-Negro.
As equipes brasileiras com mais sucesso na atual temporada apresentam um elenco recheado de atletas estrangeiros. Somando os cinco times nacionais vivos na disputa pela Copa Libertadores, são 28 atletas internacionais, além dos técnicos Abel Ferreira e Vítor Pereira. Na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, apenas o Goiás não possui gringos em seu plantel.
Eduardo Carlezzo, especialista em direito esportivo, comenta sobre as atrações do futebol brasileiro para os atletas da América do Sul: “Observo que os futebolistas sul-americanos almejam atuar no Brasil, por conta dos salários melhores, estrutura de alto nível, forte qualidade de enfrentamento e estádios de ponta. No continente, o Brasil costuma concorrer com as equipes mexicanas pelas melhores promessas. Atualmente, essa disputa ficou ainda mais difícil, uma vez que os times dos Estados Unidos estão investindo muito dinheiro na janela de transferência”.
O país que mais cede profissionais para o futebol brasileiro é a Argentina, com 21. Além disso, jogadores e treinadores de outras 13 nações também estão presentes no Campeonato Brasileiro. Uruguai (14), Colômbia (13), Paraguai (11), Equador (8), Portugal (6), Chile (3), Venezuela (3), China (2), Ucrânia (2), Itália (2), Peru (1), EUA (1) e Coréia do Sul (1) completam a tabela.
“Atualmente, o elenco do Internacional conta com atletas de três países diferentes. O Colorado sempre recebeu bem os jogadores vindos de nações vizinhas e creio que isso não aconteça apenas por razões econômicas, mas pela evolução técnica e o retorno que isso pode gerar dentro e fora das quatro linhas”, afirma Alessandro Barcellos, presidente do Internacional.
Os dois atletas chineses que atuam na Séria A, Alan, do Fluminense, e Aloísio, do América-MG, são brasileiros naturalizados. A mesma situação ocorre com outros seis atletas: no São Paulo, João Moreira (Portugal), Éder (Itália) e André Anderson (Itália); no Corinthians, Júnior Moraes (Ucrânia); no Athletico-PR, Marlos (Ucrânia); no Juventude, Chico Kim (Coreia do Sul).
Fora de campo, seis clubes têm apostado em técnicos estrangeiros. Palmeiras, Corinthians, Botafogo, Fortaleza, Cuiabá e Coritiba contam com treinadores internacionais para gerir seus elencos. Após o sucesso dos portugueses Jorge Jesus e Abel Ferreira, diversas equipes apostaram em comandantes lusitanos, como nos casos de Vítor Pereira, no Corinthians, Paulo Sousa, no Flamengo, Luís Castro, no Botafogo, e António Oliveira, no Cuiabá.
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, conta sobre a contratação de técnicos estrangeiros: “Logo no momento em que o Vojvoda começou a treinar o Fortaleza, já vimos que se tratava de um método diferente do que estávamos habituados. Os atletas se sentiram bastante confortáveis e elogiaram a intensidade dos treinamentos. Em 2021, conseguimos estabelecer um estilo de jogo agressivo, mesmo com um grupo menos estrelado e diante de grandes equipes do esporte brasileiro”.
Por outro lado, há exemplos de técnicos que tiveram dificuldade de se adaptar ao futebol brasileiro e não conseguiram desenvolver os seus trabalhos da maneira que gostariam. Paulo Sousa, no Flamengo, e Fabián Bustos, no Santos, são exemplos desta temporada do Brasileirão de treinadores internacionais que não obtiveram sucesso e foram desligados no início do campeonato.
“É fundamental que haja um acompanhamento próximo ao técnico estrangeiro e a comissão técnica para que a equipe fique tranquila e consiga implementar o seu trabalho. Habitualmente, o treinador chega no Brasil com os seus próprios auxiliares e é imprescindível que todos esses profissionais sejam bem atendidos para que possam se adaptar rapidamente”, afirma Júnior Chávare, diretor de futebol, que trabalhou com o técnico argentino Diego Dabove, temporada passada, no Bahia.
Até 2013, a Confederação Brasileira de Futebol permitia apenas três atletas estrangeiros em campo por equipe. Naquele ano, Rui Costa, então diretor executivo do Grêmio, atualmente no São Paulo, ao lado do ex-presidente do tricolor gaúcho Fábio Koff, realizou o pedido na entidade máxima do futebol nacional para que houvesse uma ampliação para cinco jogadores.
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