O Coritiba acertou o empréstimo do atacante Alef Manga ao Pafos FC, do Chipre. O negócio envolve 300 mil euros (R$ 1,7 milhão) e com o vínculo até junho de 2024. Depois, o time pode exercer a opção de compra por mais 800 mil euros (R$ 4,1 milhões).
Manga é réu no processo que investiga a manipulação de resultados no futebol brasileiro. Ele é acusado de ter manipulado um cartão amarelo em troca de receber R$ 45 mil reais de apostadores. O jogo em questão seria diante do América-MG, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2022.
Após a denúncia apresentada pelo MP-GO, na última semana, o jogador acabou afastado pelo Coritiba. A última partida pelo clube foi diante do América-MG, no Couto Pereira, pela 14ª rodada do Brasileirão.
O Pafos FC colocou uma cláusula no contrato. Caso o atacante seja punido pela justiça desportiva - e fique impossibilidade de jogar - o clube do Chipre não precisa pagar nada pelo acordo. O vínculo com o Coritiba vai até o fim de 2024.
Até aqui, contudo, os atletas punidos por supostos esquemas de manipulação foram impedidos de jogar apenas no Brasil. Assim, o atacante não deve ter problema de atuar em outras ligas.
Alef Manga e mais seis jogadores foram denunciados pelo MP-GO, na quarta-feira, em nova fase da Operação Penalidade Máxima. Além deles, mais oito pessoas envolvidas na quadrilha também constam na denúncia. O MP-GO aponta que têm mais 13 partidas com suspeitas de manipulações de resultados na Série A de 2022.
O ge teve acesso a arquivos do processo. Em um dos áudios, Manga chega a reclamar com Diego Porfírio, ex-companheiro de Coxa, sobre a demora no pagamento pelo cartão recebido no jogo contra o América-MG, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2022.
Veja o áudio transcrito
— Eu te aviso. É que é foda, Porfírio. Eu nem estou falando mais com o seu amigo direito. Foi uma maior briga para receber esse dinheiro, sempre dava uma desculpa. Aí, depois que ele me pagou, toda hora mandava mensagem para fazer de novo, um atrás do outro. Eu falei que não era assim, que tinha que esperar um pouco. Aí, no próximo jogo, ele manda de novo. Eu falava que, se ficar tomando cartão assim, iam perceber, iam imaginar coisas. Ele não quis entender meu lado e eu bloqueei ele. Foi suado para pegar o dinheiro com esse cara. Não gosto de cara assim. É o nosso nome que está em jogo. Na hora de tomar o cartão a gente toma. Na hora de receber, um dia depois, ele fica que a bet não pagou, não entrou. Aí dá picadinho. Mó confusão — em áudio enviado para Diego Porfírio, no dia 1º de novembro de 2022.
O 2023 de Manga
Alef Manga chegou a ser afastado pelo Coritiba em 10 de maio após os primeiros prints de conversas com apostadores vazarem. O atacante foi reintegrado pelo clube, em 26 de maio, após ser convocado para prestar depoimento. Ele optou por ficar em silêncio.
Nesse retorno, ele defendeu o Coxa em seis jogos e balançou as redes quatro vezes. Neste ano, o atacante é o artilheiro do Coritiba. Ele entrou em campo 25 vezes, marcou 13 gols e anotou cinco assistências.
Passagem de Manga pelo Coritiba
Alef Manga chegou ao Coritiba por empréstimo em 2022. Em pouco tempo, o atacante se destacou e terminou o ano como artilheiro do clube. Ao todo, ele disputou 54 jogos e marcou 16 gols.
O bom desempenho fez o Coxa exercer o direto de compra de Manga no fim do ano passado. O clube pagou cerca de R$ 2 milhões por 50% dos direitos econômicos.
Operação Penalidade Máxima
A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.
A Justiça de Goiás aceitou, recentemente, a denúncia do Ministério Público na operação Penalidade Máxima II. Os atletas, que são investigados e defendem outros clubes, vão responder por envolvimento em esquema de apostas em jogos das Séries A e B do Brasileirão. A punição pode chegar a seis anos de cadeia.
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