O técnico Dorival Júnior confirmou que o atacante Endrick, mesmo tendo marcado gols nos últimos três jogos pela seleção brasileira, não será titular no amistoso contra os Estados Unidos, nesta quarta-feira, às 20h (de Brasília).
Em entrevista coletiva na véspera da partida, Dorival pediu paciência e cuidado com o jovem de 17 anos e justificou a decisão de mantê-lo na reserva.
– Temos que ter um pouco de cuidado com o Endrick. Vocês acompanham minha carreira há algum tempo. Eu sempre usei demais as categorias de base, sempre valorizei demais, e sempre tive muito cuidado. Ao mesmo tempo que possamos nos apressar em alguma situação, talvez não tenhamos uma volta e um erro pode ser fatal – declarou o treinador.
Diante do Estados Unidos, o Brasil irá a campo com um time inteiramente modificado em relação ao amistoso contra o México, no último sábado.
A provável escalação da Seleção é: Bento, Danilo, Marquinhos, Beraldo e Wendell; Bruno Guimarães, João Gomes e Lucas Paquetá; Raphinha, Rodrygo e Vini Jr.
Este será o último jogo de preparação do Brasil antes da Copa América. A estreia no torneio continental será dia 24, contra a Costa Rica.
Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Dorival:
Preparação Copa América
– É um processo de evolução natural. No futebol, você não queima etapas. Em todos os treinamentos, colocamos movimentos e comportamentos que queríamos e necessitamos que assimilem rapidamente para encontrar um caminho mais seguro. Esse equilíbrio vai acontecer dentro da própria Copa América. Na partida anterior, eu tinha como obrigação observar jogadores e botar as disputas em aberto. Seleção é o momento, é aproveitar o melhor de cada um no instante em que estão brigando por posição. É uma equipe jovem e muito madura pela pouca idade. Sinto coisas boas e positivas do que poderamos fazer em campo. É natural que o treinamento vá até um certo momento. Após isso, ficamos na dependência da equipe de assimilar e se desenvolver em campo.
– Vamos enfrentar adversários complicados não só nos amistosos, mas também na primeira fase da Copa América. Talvez seja o chaveamento mais difícil, mas a Seleção está preparada, fazendo um ótimo trabalho. Espero que os resultados aconteçam o quanto antes. Pode existir uma oscilação dentro dos jogos, da competição, mas é natural para uma equipe com pouco tempo de trabalho e nível de assimilação muito bom.
Disputa no gol
– Temos ótimos goleiros, é uma posição onde estamos muito bem servidos. Com a falta do Ederson e do Alisson na convocação anterior, Bento deu uma ótima resposta. Fiquei muito satisfeito com o que acompanhei do Rafael e do Léo Jardim. Agora, é uma nova convocação já com o retorno do Alisson, uma primeira partida vestindo novamente a camisa da Seleção. Continuo dizendo a mesma coisa para toda posição. Independentemente da longevidade do atleta, todas as disputas estão sempre abertas.
Montagem da equipe
– Estamos evoluindo, os jogadores estão se sentindo mais confortáveis em campo. Os feedbacks que temos dos atletas é bem positivo e fico feliz com isso. Logicamente, é um início de trabalho. Nossa equipe ficou completa numa quarta-feira com a partida já no sábado. Mesmo que tenhamos um tempo muito bom de trabalho, e o que apresentamos contra o México, mostra isso. Tanto uma como a outra equipe estão em um bom nível. Tivemos um bom desenvolvimento na primeira e segunda etapa. Não por completo, o que é normal de oscilar para um time que está sendo formado. Mas pelo que vimos na equipe dos amistosos de março e agora contra o México, ficamos muito satisfeitos no desenvolvimento do trabalho. É difícil mensurar em que momento você está, mas confio muito que até o início da segunda fase da Copa América, desde que façamos por merecer a passagem, a equipe com certeza vai ter uma evolução muito boa. O interesse de todos eles é muito grande estamos acelerando o processo tentando finalizar os treinamentos com trabalhos que os conscientizem de comportamentos exigidos na partida.
Rodrygo
– Acredito que a função que ele mais gosta e se sente confortável é saindo da esquerda para dentro de campo. O que não quer dizer que não possa atuar em outra faixa do gramado. Temos muita qualidade no grupo e jogadores que podem executar várias funções. Se vocês perceberem, desde a primeira partida temos alguns posicionamentos que são respeitados, mas não mantidos. Há uma variação que existe troca de funções. Não me importa se teremos um volante numa função de atacante aberto, desde que tenhamos um meia por dentro como segundo volante e o atacante de lado por dentro. É um jogo posicional? Para mim, não. É posicional com liberdade de movimento. E o mais importante é que usem a criatividade no terço final do campo. Esse é o tipo de jogo que a Seleção tem que assimilar o quanto antes. Temos muitos jogadores que usam o 1 x 1. E eles têm que ter liberdade de movimentos e ações. Quero que usem e abusem do 1 x 1. Deixar nossos atletas em condição de infiltrar com fintas, jogadas e a essência do futebol brasileiro. Isso não podemos perder.
Treinos
– O importante é que tivemos cinco a seis dias de treinamentos na fase anterior a primeira partida. E os dois gols que fizemos foram com jogadas e movimentos combinados, saindo do ataque com o movimento sujo, sem receber a bola, mas com alguém dentro da área para finalizar uma jogada. O que me deixa satisfeito é apresentar situações para que o atleta possa usar de tudo isso. Os dois gols que fizemos foram jogadas trabalhadas ao longo deste período, o que nos deixa cientes de que estamos em um caminho. Além disso, temos as individualidades. E é em cima disso que temos que tentar fazer o melhor, criar situações para que tenham na cabeça e usem o que têm de melhor quando necessitem.
Raphinha
– Acho que ele tem qualidades muito boas para um jogador que joga nesta função. É agressivo, aguerrido, vai para cima, não tem receio, arrisca fintas, tem uma ótima definição e participa muito também das fases defensivas. Para um processo de montagem, ainda precisamos demais da participação de cada um deles, principalmente de ataque e meio, no sentido de termos uma organização melhor. Em cima disso, uma participação mais efetiva na retomada de bola. Se conseguirmos isso, teremos muito mais possibilidades de chegar ao gol adversário. Raphinha tem essa característica. Na primeira convocação, ele vinha se recuperando de uma lesão e voltou agora bem diferente. Tem apresentado coisas interessantes e espero que possa desenvolver tudo isso dentro da Copa América.
Estados Unidos
– É um time que tem tido um crescimento muito bom. Inclusive, ganhando os principais torneios jogados na América do Norte. Não podemos nos esquecer disso. Uma equipe com praticamente todos os jogadores fora do país e em grandes clubes europeus. É um time que joga um pouco mais com posse de bola, tem marcação alta e agressiva. A partida contra a Colômbia ficou uma disputa acirrada até 35, 38 do segundo tempo, quando saíram os gols finais que ampliaram o resultado. Não tenho dúvidas de que teremos um jogo bem difícil e complicado. Podem esperar um jogo bem disputado, é o que eu acredito que teremos e espero que estejamos preparados.
Ajustes para a Copa América
– Nós tivemos muitas dificuldades no jogo da Espanha. Acho que na partida com o México, no melhor momento da nossa equipe no sentido de posse de bola e equilíbrio, sofremos os dois gols. Ainda computo tudo isso ao momento que estamos vivendo, que é de formação da equipe. Não podemos desconsiderar isso em sentido nenhum. Teremos oscilações dentro da Copa América. Futebol é um equilíbrio entre atacar e marcar sempre. Você não pode ser especialista em uma condição e se abrir, porque fatalmente correrá um risco grande. As coisas estão melhorando e só vai se confirmar dentro de uma sequência que encontremos um padrão que nós queremos. Na partida anterior, eu precisava ter um conhecimento maior de todos os atletas do grupo para ter consciência do que poderá se apresentar dentro da competição, da maneira que eu posso contar com esses jogadores e do momento que estão vivendo. Só tinha esse instante para fazê-lo e não me arrependo. Dentro da competição, vamos variar a equipe para usar o que temos de melhor a cada momento.
Lideranças do elenco
– Eles ajudam na forma que tem acontecido no dia a dia, se colocando na frente, se apresentando, procurando conversar para solucionar problemas e em situações importantes no dia a dia. Vamos ficar aqui 45 dias e precisamos ter um equilíbrio. O ambiente está muito bom em todos os aspectos, mas é importante ter as referências e saberem que estão disputando posição com esses mesmos atletas. Respeito eles vão ter sempre, mas estão brigando por posição e sabendo que podemos jogar ao lado ou assistindo seus ídolos atuarem. Quando entram em campo, precisam dar a mesma resposta, porque são jogadores de muito bom nível e em grandes momentos da carreira. Estão na Seleção, o que é algo que tudo nós sempre queríamos que acontecesse em nossas vidas.
– Peço só um pouco de paciência a todos. Ele vem de uma evolução muito boa. Acompanhei o quanto ele foi decisivo no campeonato anterior pelo Palmeiras, em momento algum deixamos de avaliar e por isso peço um pouco de paciência e tranquilidade com esse garoto para que as coisas aconteçam de maneira natural. Ele pode ser muito útil para a Seleção desde que tenhamos paciência. Não é só colocar lá e deixar que resolva a situação. Está finalizando uma formação e precisa de tempo e paciência. Lógico que sai das qualidades e capacidades. Seria fácil colocá-lo, mas não deixo de arriscar com um jogador como ele. Tanto que foi a primeira substituição – completou.
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