Sebastian Avellino Vargas, preparador físico do Universitario, do Peru, vai permanecer preso em São Paulo, por praticar atos racistas no fim da partida da sua equipe contra o Corinthians, disputada na última terça-feira, na Neo Química Arena, pela Copa Sul-Americana.
Nesta quarta-feira, o uruguaio passou por uma audiência de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda. A prisão em flagrante, decretada na madrugada após depoimentos no 65º DP, em Artur Alvim, na zona leste da capital, foi convertida em preventiva.
Na madrugada, Vargas teve depoimento acompanhado por dois membros do Consulado do Peru em São Paulo. Em audiência, ele foi representado pelos advogados Leandro Felix Bernardes e Mayara Franco Bazani.
Em nota, o Universitario defendeu o profissional e classificou o episódio como "inadmissível, humilhante e ultrajante". O clube também se manifestou contra as autoridades brasileiras.
– Nas últimas horas, a honra de um profissional do nosso clube foi manchada. Sebastián Avellino foi tratado como criminoso no Brasil, passando a noite em uma prisão, o que consideramos um ato inadmissível, humilhante e ultrajante – diz trecho do comunicado.
– Repudiamos esse tipo de humilhação por parte das autoridades brasileiras que pretendem, sem nenhuma prova, realizar prisões arbitrárias.
O clube também apresentou sua versão do episódio ocorrido no fim da partida contra o Corinthians.
– Ao longo do jogo um grupo de adeptos da equipe local lançou insultos e cuspiu nos nossos jogadores e equipe técnica. Essas mesmas pessoas que cometeram insultos, ao final do jogo, acusaram o preparador físico de atos discriminatórios. Essa acusação distorcida e subjetiva é a que as autoridades brasileiras validaram como verdadeira, sem direito a réplica, pelo que ordenaram sua prisão e transferência para uma delegacia de São Paulo.
Entenda o caso
O preparador foi detido no fim da noite desta terça-feira, quando dois policiais militares, a poucos minutos do fim da partida, perceberam uma agitação entre torcedores do Corinthians, revoltados com gestos em que Vargas teria imitado um macaco.
Três torcedores corintianos foram ouvidos como testemunhas e fizeram relatos semelhantes, de que o profissional imitou um macaco após recolher materiais esportivos de sua equipe na beira do gramado.
À polícia, Vargas negou o ato. Disse que torcedores cuspiram nele no fim da partida e os questionou sobre isso. Que estava carregando cones embaixo dos braços, não imitando um macaco.
Ele foi indiciado por racismo, crime que prevê pena de um a três anos de prisão.
Em entrevista coletiva após a partida, Jorge Fossati, técnico do Universitario, disse:
– Eu não vi. O conheço e trabalha comigo há 13 anos, desde 2010, é um cara muito respeitoso. Segundo ele me falou, foi mal interpretado seus gestos. Estavam cuspindo e xingando ele, coisas de futebol, infelizmente. Parece que o torcedor pode fazer o que quiser. Se a gente reage, está errado. É assim. Mas também está errado o torcedor do Corinthians e do Universitario se não tiver comportamento adequado para estar no jogo.
– É a única coisa que posso te garantir: é respeitoso para caramba. Vamos ver. Eles disseram que tem câmeras. É o que eu digo na hora do jogo: desde que tem câmera, acabaram as discussões. Se ele errou, infelizmente vai ter que pagar. Espero que não seja nada. E se não errou, bom, estará daqui a pouco conosco.
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