Daniel Sikkema, o ex-marido do galerista norte-americano Brent Sikkema, assassinado em janeiro no Rio de Janeiro, foi preso nos Estados Unidos, segundo confirmou a polícia local nesta quinta-feira (21).
Daniel, que foi indiciado pela polícia do Rio, é suspeito de ser o mandante da morte de Brent. O galerista, que vivia no Rio, foi encontrado morto em sua casa em janeiro com 18 facadas. O suspeito vive nos EUA e estava fora do Brasil no momento do crime.
Segundo o tribunal de Southern District, em Nova York, Daniel foi preso na noite de quarta-feira (20) acusado de ter fraudado seu passaporte. Mas ele poderá ser libertado ainda nesta quinta-feira (21) sob fiança. Caso isso aconteça, o suspeito deverá usar uma tornozeleira eletrônica.
“O juiz determinou que ele poderá ser liberado mediante assinatura do termo de fiança e uso de tornozeleira eletrônica. Ele foi mantido sob custódia durante a noite porque era tarde demais para colocar o dispositivo nele. A previsão é que ele seja liberado nesta manhã”, disse a polícia.
O suspeito não havia sido solto até a última atualização desta reportagem.
Casados por 15 anos
Daniel, que é cubano, foi casado com Brent por 15 anos. Os dois tiveram um filho, hoje adolescente.
Segundo as investigações da polícia do Rio, o homem que executou o crime, o também cubano Alejandro Triana Prevez, matou o galerista norte-americano a mando de seu ex-marido.
Prevez, que vivia no Brasil desde 2022, contou aos policiais que Daniel mandou a chave da casa de Brent e ainda criou uma linha de comunicação segura entre eles para trocar informações sobre o crime.
Com essas informações, tanto a Polícia Civil do RJ quanto o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediram à Justiça a prisão preventiva de Daniel. A Delegacia de Homicídios também está em contato com a Justiça dos Estados Unidos, onde Daniel vive.
Até então, o caso era tratado como latrocínio, ou roubo seguido de morte, mas o cubano contou que não pegou nada na casa de Brent.
200 mil dólares para matar galerista
A TV Globo apurou que Alejandro disse à polícia que Daniel lhe prometeu 200 mil dólares (pouco menos de R$ 1 milhão, em valores de hoje) para matar Brent. Quando Alejandro foi preso no Triângulo Mineiro, agentes encontraram cerca de 30 mil dólares com ele.
O cubano explicou que, ao supostamente lhe encomendar o crime, Daniel reclamou do valor da pensão paga por Brent e afirmou que o galerista “gastava muito dinheiro com drogas, festas e garotos de programa”.
Ainda segundo Alejandro, Daniel também manifestou preocupação com o novo relacionamento do galerista, com “um uruguaio ou um paraguaio”, o que poderia prejudicar a divisão dos bens no divórcio.
Brent e Daniel moraram juntos em Cuba e tinham propriedades no país, onde Alejandro chegou a atuar como um faz-tudo de Brent.
Já Alejandro deve passar a responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar.
Relembre o crime
O crime aconteceu em 15 de janeiro no Jardim Botânico. Brent Sikemma, de 75 anos, foi encontrado por uma amiga morto com 18 facadas na casa dele.
A polícia descobriu que Alejandro veio de São Paulo para o Rio exclusivamente para cometer o crime e passou praticamente um dia inteiro de tocaia perto da casa de Brent.
Somente na madrugada de 15 de janeiro, Alejandro invadiu a residência do galerista com uma chave mista e saiu 14 minutos depois.
Reviravolta
Antes, Alejandro negava qualquer participação no caso e chegou a dizer que tinha sido agredido por policiais. De acordo com a defesa, o cubano decidiu mudar a versão após se reunir com o advogado e ver as provas que a polícia já tinha.
No fim de janeiro, o cubano então admitiu ter matado Brent e, segundo apurou a TV Globo, culpou Daniel Sikkema como mandante.
Quem era Sikkema
Brent Sikkema era americano e galerista de arte. Ele tinha 75 anos e, segundo amigos, era apaixonado pelo Brasil.
Sikkema começou a trabalhar com arte em 1971 e abriu a primeira galeria em 1976, na cidade de Boston, nos EUA. Ele era sócio da galeria de arte Sikkema Jenkins & Co, que fica no bairro de Chelsea, em Nova York. O local foi fundado em 1991 por ele com o nome de Wooster Gardens.
Brent não falava português, mas, segundo amigos, se sentia acolhido no Brasil e vinha ao país para as festas de fim de ano e carnaval.
Artistas brasileiros que já trabalharam com Brent lamentaram sua morte.
"Brent foi meu galerista durante três décadas e um amigo por mais tempo que isso. Eu devo uma lealdade incrível ao profissional que ele foi por ser uma das primeiras galerias a ter um contingente de artistas que era metade branco, metade negro, metade mulher, metade homem", destacou o artista visual Vik Muniz.
"Ele era um apaixonado pela arte brasileira, com um senso de humor maravilhoso, uma pessoa alegre", afirma o artista visual Luiz Zerbini.
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