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24/10/2022 15:17
Polícia

Padre da Polícia Militar no DF é preso em flagrante por importunação sexual

Sacerdote teria convidado adolescente que vendia bombons na rua para ir até a sua casa
Padre Jeferson dos Santos e Santos foi preso em flagrante por policiais no DF / Foto: Reprodução
Redação com O Globo

Uma armadilha preparada pela polícia culminou com a prisão em flagrante, na sexta-feira (21/10), do padre Jerfson dos Santos e Santos, tenente e sacerdote da Polícia Militar do Distrito Federal. Ele é acusado de importunação sexual de um jovem de 16 anos que vendia bombom nas ruas em Águas Claras, no Distrito Federal DF. A informação, divulgada pelo Metrópoles, foi confirmada pelo GLOBO.

Após passar de carro por onde o adolescente vendia doce, o sacerdote o convenceu a ir até a casa dele porque estava sem dinheiro e tentou molestá-lo. Com a recusa do garoto, Jeferson concordou levá-lo de volta desde que dirigisse o carro e, numa nova tentativa de abuso, a vítima fugiu com o veículo. O jovem foi até a polícia e combinou com os policiais de devolver o veículo no estacionamento de um supermercado onde o religioso foi preso em flagrante.

O oficial é alvo, desde o final de 2021, de apurações conduzidas pelo Departamento de Controle e Correição (DCC) da Polícia Militar. Ele é investigado por denúncias de assédio a colegas que frequentavam suas missas. Em um dos casos, o padre é suspeito de ter convidado o filho de um policial a viajar com ele até Caldas Novas. Após as denúncias, o então bispo militar afastou Jerfson até que as investigações fossem concluídas. Procurada, a assessoria de comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal informou ao GLOBO que o sacerdote foi indiciado por importunação sexual e entrega de direção a inabilitado. Segundo a instituição, a prisão do padre se deu por volta de 21h de sexta-feira e os detalhes da investigação são mantidos em sigilo porque menores têm proteção legal por força do Estatuto da Criança e do Adolescente. Jeferson está detido no Batalhão da Polícia Militar no Distrito Federal.

Mas a punição chegou antes devido à investida contra o ambulante. O adolescente contou que vendia bombons quando o militar se aproximou de carro e falou que levaria os chocolates, mas estava sem dinheiro e precisava que o acompanhasse até sua casa que era perto. No carro, o jovem já começou a observar atitudes suspeitas. Primeiramente, segundo contou aos policiais, o sacerdote ofereceu que ele dirigisse o carro apesar de ser menor de idade. Além disso, no apartamento tentou tocar o corpo do rapaz e sugeriu dar o dinheiro pelos bombons e um "brinde" se referindo, de acordo com a vítima, a um ato sexual.

O adolescente contou que convenceu o militar a deixá-lo ir embora e ele o levou de carro até a estação do metrô. Durante a viagem, ele mais uma vez teria dado a direção do veículo ao jovem que disse, durante o trajeto, que um pneu tinha furado. Quando o padre saiu para verificar o que tinha ocorrido, ele escapou e pediu socorro. Orientado sobre ir até uma delegacia, ele chegou na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) e relatou os abusos sofridos. Como o padre tinha a chave de pix do menino com o número de celular, passou a enviar mensagens ao garoto com ameaças, dizendo que ele teria problemas caso não devolvesse o carro ou contasse a situação para a polícia.

Foi combinado que a vítima do abuso deixaria o veículo no estacionamento de um supermercado de Águas Claras. No local, policiais civis esperaram o tenente da PM. Abordado, ele acabou preso em flagrante com base no depoimento e nos prints da conversa.

Padre e militar da PMDF, o acusado negou o crime e contou uma versão diferente na delegacia, segundo o Metrópoles. Ele disse que estava em Taguatinga Norte para ir ao mercado, mas não soube detalhar o nome do estabelecimento. Por perto, viu o garoto vendendo os bombons, parou e se ofereceu para comprar uma caixa inteira, mas sugeriu que o adolescente passasse a trabalhar em Águas Claras, onde o fluxo de pessoas era maior.

Segundo ele, o garoto disse que morava em Águas Lindas e não sabia como chegar lá. O padre, então, teria oferecido carona. O militar ainda argumenta que foi o menino que pediu para dirigir e só deixou porque achou que ele teria 18 anos.

Sobre a importunação sexual, o padre alegou que apenas pegou na perna do garoto dentro do carro, dizendo que ele dirigia muito bem, porque estaria surpreso com a habilidade. Outra parte da história contada na delegacia que chamou atenção foi a descrição de como eles foram parar no apartamento.

O homem diz que o adolescente perguntou onde ele morava e indicou o caminho. Quando o carro se aproximou do portão da garagem do prédio, ele teria aberto sozinho, por causa de uma TAG de identificação veicular. O acusado também se defende contando que foi o garoto que pediu para subir e, dentro da casa, teria prometido “algo a mais” caso ele comprasse todos os bombons, que seriam favores sexuais.

O padre ainda conta, na versão, que teria recebido uma proposta sexual do garoto por R$ 500. Sobre o furto do carro, ele diz que chegou a ligar para a PM, mas desistiu de formalizar a denúncia quando recebeu mensagem do garoto negociando a entrega.

Os prints das mensagens trocadas entre os dois foram anexadas ao processo e um primo da vítima foi contatado. A prisão do padre foi informada à corregedoria da Polícia Militar e um PM foi até a delegacia. Ele conduziu o autuado ao 19° Batalhão de PMDF. A reportagem entrou em contato com a corporação e solicitou nota sobre os fatos, mas não recebeu retorno até a última atualização desta matéria. O espaço segue aberto. O padre foi nomeado como capelão militar da PMDF em janeiro de 2020.

Em nota, a PMDF disse que o capelão encontrava-se afastado de suas funções no âmbito da Polícia Militar e da igreja, aguardando decisão de processo que tramitava no âmbito da Igreja Católica. “Ao ser acionada, a Polícia Militar prontamente deslocou à delegacia para as providências cabíveis. Cabe salientar que nossa Bicentenária Corporação está nas ruas 24 horas por dia, 07 dias por semana, em todas as Regiões Administrativas, para bem servir e proteger a Sociedade da Capital e não coaduna com fatos que sejam contrários a legislação e regulamentos em vigor”, destacou a corporação.

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