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08/02/2021 09:40
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Escolas de samba de São Paulo se preparam para um futuro carnaval

Adiada, festa não tem definição se será realizada no segundo semestre
Mesmo em pandemia, escolas de samba de SP se preparam para um futuro carnaval / Foto: LEANDRO NASCIMENTO/ X9

 Os sons, a movimentação, a quantidade de gente... Quem frequenta barracões de escola de samba diz que nunca viu um início de ano como este, sem a correria para terminar os últimos acabamentos e deixar tudo pronto para o desfile. É um momento histórico e triste. Adiado, o carnaval de São Paulo ainda não tem uma definição se será realizado no segundo semestre de 2021, como foi cogitado no setor. Segundo a Prefeitura, a decisão é condicionada à área sanitária e está sendo articulada com as instituições envolvidas.

O clima é de retomada com cautela, após meses de atividades presenciais quase paralisadas. As ruas internas das Fábricas do Samba ainda mantêm carros alegóricos e alegorias de carnavais passados, como um deus Ganesha com um braço só, a cabeça de um leão, uma grande coroa desbotada e esqueletos.

No barracão da Vai-Vai, cerca de 20 manequins desnudos estão guardados em um canto, enquanto as máquinas de costura seguem silenciosas e sacolas guardam fantasias de fevereiro passado que serão vendidas e doadas para escolas do interior. Só seis trabalham na confecção das fantasias piloto, que servirão de modelo para as que serão replicadas ali e em ateliês terceirizados.

Nesta época do ano, o galpão estaria repleto de mesas com até 50 pessoas na finalização de fantasias e adereços, enquanto o trabalho com carros alegóricos ocorreria debaixo de uma grande tenda, hoje desmontada. "Está sendo diferente, não tem a correria, a adrenalina", conta Luciana Mazola, que trabalha no carnaval há 20 anos e até tatuou o escudo da Vai-Vai no antebraço.

Na pandemia, ela chegou a fazer cerca de 5 mil máscaras como alternativa de renda. "O próximo carnaval vai ser a superação de tudo. Tem pessoas que só sabem fazer isso", comenta ela, que às vezes desfila, às vezes prefere observar o resultado do trabalho perto das arquibancadas. "Ver aquela multidão, olhando o que você fez, faz você lembrar de onde saiu, como foi feito, que passa em dezenas de países."

Diretor de carnaval da escola, Gabriel Mello descreve o trabalho hoje como "devagarinho com constância". Parte da equipe trabalhava na concepção do carnaval desde setembro, mas a transformação dos desenhos em fantasias começou há cerca de duas semanas. O samba escolhido será anunciado este mês. A ideia é manter os trabalhos. "Independentemente de quando for o carnaval a escola tem de estar pronta", comenta Mello. "A gente trabalha com uma previsão mínima e máxima para o desfile. Seja neste ano, seja no outro, estaremos aqui. O carnaval serve para a gente adoçar um pouco a vida, extravasar o que guardou o ano inteiro. Desta vez, vai ser o que guardou por mais de um ano."

Na Acadêmicos do Tucuruvi, os trabalhos foram divididos em dois lugares para evitar aglomerações, deixando as alegorias no barracão e a confecção de fantasia na quadra da escola, em um momento em que não há ensaios. No local que costumava receber apresentações, as mesas de confecção ficam no espaço onde funcionava o bar, de frente para os instrumentos da bateria, ensacados.

Como em outros barracões, por lá também se costuma ouvir sambas-enredo durante os trabalhos. "É para acelerar o coração. A gente é movido à bateria", conta o carnavalesco Dione Leite, sobre o retorno das atividades presenciais neste mês. "Estava todo mundo esperando muito tempo por esse momento. É muito melhor usar máscara, até tomar álcool em gel se precisar do que ficar sem trabalhar. Além da questão financeira, o que é mais agravante é a sanidade mental."

Para Leite, o próximo carnaval será histórico. "Antes da pandemia existia um sonho. Veio a pandemia e congelou o sonho de todo mundo. Aí veio esperança (com a retomada paulatina)", lembra. "Será um grande carnaval. Acredito que vai ser o maior carnaval de todos."

Já a Unidos de Vila Maria adotou o escalonamento dos trabalhos, com equipes reduzidas. Como outras agremiações, há dificuldades e aumento de preços de matéria-prima, majoritariamente importada da China. "Está tudo mais caro e não se encontra a variedade de antes", conta o diretor executivo Demis Melo. "Este ano vamos nos virar com material nacional."

Diferentemente de outros o presidente da escola, Adilson José, é otimista quanto à realização dos desfiles ainda neste ano, mesmo com máscaras, adaptadas às cores e características das fantasias.

Fonte: R7

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