Em 1750, a família Correia Pais instalou a fazenda 'Canabrava' com a criação de gado e diversificadas lavouras dando origem ao atual município de Taquarana, que até sua emancipação política era conhecida por 'Canabrava dos Pais'. O povoado se expandiu a partir de 1821, com a construção da matriz de Santa Cruz, num local já afastado da fazenda.
Embora não haja tantos atrativos naturais, é no pulsar das artes que Taquarana vem se destacando, na busca constante de artistas locais pelo espaço no circuito cultural e promovendo um ambiente democrático, descentralizado e de resistência artística.
Cultura popular, teatro adulto e infantil, oficinas, danças tradicionais e contemporânea, circo e lançamento de livro. Tudo isso está na programação do Festival de Teatro de Taquarana (FESTA) que acontece entre os dias 21 e 27 de novembro, transformando a cidade no maior palco das artes do Agreste alagoano. Um único movimento que tem dado o que falar nos arredores da cidade.
Serão sete dias de entretenimento, música e diversão, com o protagonismo de diversos artistas e grupos locais de Taquarana, Palmeira dos Índios, Maceió, Belém, entre outros. O FESTA é uma realização do Teatro Camboio de Doido, com o apoio da Secretaria de Cultura do município, da Secretaria de Estado da Cultura e de Economia Criativa de Alagoas (Secult-AL), através da Lei Paulo Gustavo.
De acordo com o coordenador do festival, Igor Rozza, morador de Taquarana, o festival surgiu com a ideia de trazer arte e cultura para as pequenas cidades do interior, proporcionando aos moradores o acesso a espetáculos e outros tipos de arte.
“O Agreste é escasso nesse tipo de evento, mas muito rico em espetáculos, em arte e cultura. Apesar da cultura pulsar muito aqui no Agreste, infelizmente não temos eventos para que a gente possa mostrar a nossa arte e foi por isso que o FESTA foi pensado, para que a arte que pulsa aqui em Alagoas possa se concentrar no Agreste. Taquarana é a cidade conhecida como o coração do Agreste. Fomentar a cultura não é tarefa fácil, mas existem artistas, artesãos, músicos, dançarinos, atores. O que faltam são eventos para fomentar isso tudo aqui na região”, conta o coordenador do FESTA.
A programação foi pensada para abarcar todos os públicos, desde crianças até idosos. Entre os atrativos haverá apresentação de folguedos – que atrai muitos idosos – além de espetáculos de dança contemporânea, que atrai um público mais jovem adulto, bem como espetáculos de comédia para as famílias. "Teremos uma mescla de muitos gêneros. Os espetáculos são de companhias independentes no estado. Esta segunda edição do FESTA veio para consolidar o evento, que aconteceu ano passado. Este ano, realizamos novamente e certamente estaremos no ano que vem fazendo a terceira edição", adiantou Rozza.
O FESTA teve sua primeira edição em 2022, por iniciativa do grupo Teatro Camboio de Doido. Nesse mesmo ano, o festival teve uma das grandes e importantes realizações: a abertura do Museu Casa de Taipa, com mais de 900 peças e artefatos antigos que simbolizam o homem do campo, a arte e a cultura popular,
No espaço, há máquinas datilográficas, cordéis, virador de fumo, câmeras dos anos 50, pilão, lampiões, discos de vinil, radiolas, prensadeiras e moedas de outras décadas. Objetos que fazem parte da cultura popular de Taquarana.
“A primeira edição foi um sucesso, conseguimos movimentar a cidade durante uma semana, trazer escolas para o festival, fazer com que os artistas mostrassem seu trabalho e muitas pessoas inspiradas em fazer arte, inclusive agora frequentam mais os espetáculos quando acontecem na cidade. O FESTA teve recepção positiva, e a segunda edição a gente aguarda com muita ansiedade; esperamos que, descentralizando os eventos, a gente alcance um público ainda maior”, avalia Igor Rozza.
A programação tem início nesta terça-feira (21). Abrindo o evento às 19h, na Casa de Eventos, serão apresentados os espetáculos "Corpo Manifesto: o meu corpo é uma escola", do grupo Corpo de Dança do Santos Ferraz; "Cru", do Patuá Coletivo e "Psico", de Julian Neves.
O segundo dia terá o destaque e a beleza regional dos folguedos, como o Pastoril, Banda de Pífanos e o Repente, a partir das 19, no Museu Casa de Taipa. Mais cedo, às 17h30, haverá a apresentação de um espetáculo de circo do grupo Sururu Circo, de Maceió, intitulada "Suspensão Tempo-Espaço". Também será realizada uma oficina de fabricação de pífanos para estudantes da rede pública de ensino.
No Teatro Odeon, a programação do terceiro dia continua com as apresentações dos espetáculos "Folguedos das Alagoas", da Trupe Cangulê - Teatro de Bonecos de Alagoas, e "Manso e Humilde de Coração", do Coletivo Volante, que será interpretado pelo ator e integrante do grupo, Bruno Alves.
Do dia 23 a 27, haverá mais oficinas de artesanato de chapéu de guerreiro, de musicalização infantil e de teatro de mamulengos, além de apresentações de dança e teatro, como a "Dança-Monstro", da Companhia dos Pés e "Sonho", do grupo Camboio de Doido. A feira pública de Taquarana também será palco para o grupo Guerreiro Leão do Norte, com a direção do Mestre Canarinho das Alagoas.
“Nossa maior motivação é fazer com que outras pessoas tenham acesso à arte, Não podemos segregar a arte apenas àqueles que possuem meios de ir a Maceió, por exemplo como frequentar o Teatro Deodoro. Precisamos democratizar esse acesso”, concluiu o coordenador do evento.
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