O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou na última terça-feira (6) uma resolução que garante o ensino remoto até o fim de 2021 e abre a possibilidade para as redes unirem dois anos letivos em um. O documento ainda precisa ser homologado pelo MEC (Ministério da Educação).
Na prática, a resolução só reforça o que já estava previsto em um parecer anterior do próprio CNE e está na LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que garante a continuidade do currículo em momentos de crise, como neste de pandemia.
"Houve um grande esforço para que as atividades continuassem com as aulas remotas, mas sabemos que parte da aprendizagem esperada para este não será cumprida", explica Mozart Neves Ramos, conselheiro do CNE.
"Mesmo em estados como São Paulo, que rapidamente implantou um centro de mídias, sabemos que muitos alunos não tiveram acesso às aulas por falta de conectividade ou por não se adaptarem e não desenvolveram as habilidades esperadas para este ano", avalia.
A proposta do CNE é que nenhum aluno seja reprovado, o que não significa que todos serão aprovados. "A intenção é que as redes façam uma avaliação dos estudantes, sabemos que alguns terão se desenvolvido mais que outros e esse diagnóstico ajudará no planejamento das escolas em 2021."
A partir da compreensão das lacunas no aprendizado a partir da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), as escolas podem reforçar atividades e integrar aprendizagens essenciais no chamado ciclo contínuo. "Uma forma de reunir o leite que foi derramado durante a pandemia, os estudantes terão uma complementação do conteúdo no próximo ano."
Um exemplo dado pelo conselheiro do CNE é a rede estadual de São Paulo, que anunciou a adoção do modelo de oito bimestres, começando já em 2020. "O importante é ter avaliação periódica para acompanhar os alunos e garantir a aprendizagem de todos."
Online
Com a liberação do ensino remoto até 2021, as redes poderão utilizar a tecnologia para complementar as atividades presenciais e, também, caso haja a necessidade, utilizar essas ferramentas no ensino híbrido.
Eduardo Dechamps, ex-presidente do CNE e professor da Universidade Regional de Blumenau, observa que o uso de tecnologia é um assunto que vem sendo discutido pela sociedade e também pelo Conselho.
"Com a pandemia houve uma flexibilização maior do uso dessas ferramentas, mas na educação básica, principalmente na educação infantil e na fase de alfabetização, sabemos que a proximidade com adultos é de extrema importância para o desenvolvimento das crianças", destaca.
"No entanto, percebemos que neste momento, os professores que tinham pouco contato com a tecnologia tiveram de se adaptar, trocamos o pneu com o carro em movimento", diz.
E esse caminho deve ser discutido. "É preciso fazer uma revisão da legislação para, então, pensar em um uso mais efetivo da tecnologia em sala de aula."
Fonte: R7
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