Mesmo após a segunda dose de vacina contra a covid-19, a recomendação médica é manter o uso de máscara. "Você, que foi vacinado, precisa saber que ainda pode transmitir a doença e adoecer, raramente da forma grave, mas pode ter sintomas leves e mal-estar", afirma o infectologista Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.
Ele explica que estudos ainda não comprovaram que a CoroanVac e a vacina de Oxford, que estão sendo aplicadas no país, evitam a transmissão da doença. Em relação à Pfizer, um estudo israelense sugeriu que ela é capaz de barrar o contágio. O imunizante já obteve o registro para ser usado no Brasil, mas ainda não há doses disponíveis.
"Há pelo menos três razões que justificam o uso da máscara após a segunda dose: as vacinas não são 100% eficazes, então é possível ainda contrair a doença. Mesmo que não seja grave, pode causar mal-estar; não existem demonstrações inequívocas de que as vacinas são capazes de prevenir a transmissão, então o indivíduo vacinado pode não adoecer, mas vai transmitir para outros. A outra questão se refere à coletividade. Ninguém sai na rua dizendo 'sou vacinado e não preciso usar máscara'. Ou seja, ninguém é obrigado a saber quem está vacinado ou não. Usar a máscara é uma questão de comportamento social de respeito ao próximo", afirma o infectologista.
A CoronavaC apresenta eficácia de 100% contra casos moderados e graves, de 78% para casos leves e de 50,38% nos muito leves, segundo o Instituto Butantan, em São Paulo, que produz o imunizante no Brasil. "Isso significa 50,38% menos chances de contrair a doença. Caso contraia, há 78% de chance de não precisar de qualquer atendimento médico e 100% de certeza de que a enfermidade não vai se agravar", afirma o instituto.
Assim como a CoroanaVac, a vacina de Oxford também apresenta 100% de eficácia contra casos moderados e graves. Estudo publicado no periódico científico Lancet mostrou que o imunizante reduz em 67% a transmissão da doença e oferece eficácia de 76% após a aplicação da primeira dose e de 82,4%, após a segunda, considerando o intervalo de 3 meses, como é feito no país.
"Ambas as vacinas apresentam, no final das contas, o mesmo resultado: a grande maioria das pessoas não terá a doença e, as que tiverem, poderão tratar a covid em casa, pois os imunizantes evitam as formas moderadas e graves da doença. O que é extremamente bom para uma pandemia como a que estamos vivendo", afirma o infectologista.
Ele explica que a produção de defesa no organismo contra a doença gerada pela vacina começa 15 dias após a aplicação da primeira dose e vai alcançar a eficácia prometida pelos fabricantes 15 dias após a segunda dose. "A proteção só vai estar completa após o término do esquema vacinal de duas doses", orienta.
Segundo ele, as máscaras só poderão ser abolidas quando houver uma redução na circulação do vírus, mas ainda não é possível precisar quanto seria essa redução. "O parâmetro, para isso, não é o número de pessoas vacinadas, pois pode haver novas variantes e reinfecções, mas sim quando a comunidade se deparar com uma situação epidemiológica onde não há mais uma circulação sustentada, ou seja, não muitos casos acontecendo. Ainda não dá para dar esse número. Então, será possível relaxar em relação a medidas como isolamento e uso de máscara", afirma.
Fonte: R7
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