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14/07/2021 06:40
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Conheça a síndrome que levou mulher à UTI após comer sushi

Síndrome de Haff, conhecida como 'doença da urina preta', ocorre após a ingestão de peixe malconservado e pode matar
"Doença da urina preta" é rara e aparece após ingestão de peixes e crustáceos / Foto: PIXABAY

 Uma mulher de 27 anos está internada em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em estado grave, em Goiânia, com a Síndrome de Haff, a popularmente chamada de "doença da urina preta". Em março, a mesma doença levou uma mulher à morte em Recife.

No dia 23 de junho, Kelly Silva comeu em um restaurante japonês na cidade de Goianésia, em Goiás. De acordo com comunicado da Secretaria Municipal de Saúde, ela começou a se sentir mal logo após a ingestão de peixe e foi levada para o hospital. Os médicos diagnosticaram a doença rara.

A Síndrome de Haff é uma doença rara e é causada pela ingestão de peixes e crustáceos malconservados. "É uma doença bem rara, mas ela é causada por uma toxina presente nos peixes e crustáceos. Essa toxina causa uma lesão nos músculos, chamada de rabdomiólise. Essa lesão libera a proteína mioglobina, que cai na corrente sanguínea e sobrecarga os rins", explica a infectologista Ana Senni Rodrigues.

Os sintomas mais comuns da doença são: dores no corpo, dificuldade para andar, dormência no corpo, e alteração da cor e quantidade da urina. Os efeitos da ingestão da toxina aparecem de duas a 24 horas após a alimentação.

"A toxina vai acometer principalmente o sistema muscular e com isso acarreta o comprometimento do rim. Não tem um período de incubação longo, a ação é rápida, assim como quando comemos uma carne contaminada, que a diarreia é bem imediata", observa Ana.

A alteração da cor do xixi, que dá origem ao nome popular da enfermidade, acontece pela liberação da mioglobina. "A urina fica escura por conta da proteína chamada mioglobina que temos no músculo, ela tem tipo sangue mesmo, como componente da hemoglobina, e por isso que vai ficando escura", acrescenta a médica.

Não existe um remédio que neutralize a ação da toxina presente nos peixes e crustáceos, por isso o tratamento é clínico. "Não tem um tratamento específico, então o paciente é tratado a partir da dor e do problema que apresenta. Se está com o rim alterado, vai tratar com hemodiálise, hidratar. Se está com dor muscular, vai cuidar da dor", conta a infectologista.

A recomendação médica é procurar um serviço de saúde assim que os primeiros sintomas aparecerem, porque quanto antes a doença ser descoberta mais chances de se curar.

"A doença pode levar à morte se a insuficiência renal for irreversível, vai evoluindo sem fechar um diagnóstico rápido. Às vezes, é difícil fechar um diagnóstico raro, sem tirar uma boa história clínica já que é uma doença rara, não está habituado. Pode levar à morte, mas tem casos reversíveis dependendo da lesão renal", afirma a infectologista.

A doença não é prevenível e não é de fácil identificação, uma vez que a toxina não altera cor, cheiro ou gosto dos alimentos. Além disso, não é encontrada somente no consumo cru das comidas. O cozimento não neutraliza a toxina.

"A prevenção é só comer peixes e crustáceos que conhecemos a procedência, como é o preparo e se é um peixe ou crustáceo fresco", alerta Ana.

Mas especialistas salientam que não é necessário diminuir o consumo de peixes uma vez que a doença é muito rara. No começo do ano, os estados da Bahia e de Pernambuco tiveram um aumento de casos e uma mulher chegou a morrer pela doença.

Fonte: R7

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