Dez anos depois, familiares do ex-governador Eduardo Campos (PSB) ainda lutam na justiça para a reabertura das investigações sobre o acidente de avião que tirou a sua vida e de outras seis pessoas.
A campanha é encabeçada pelo irmão de Eduardo, o advogado Antônio Campos, e sua mãe, a ex-deputada Ana Arraes, que solicitaram que o inquérito fosse desarquivado ainda em 2023 - sem sucesso, devido à "ausência de novos elementos que alterem o que já foi apurado".
Hoje, a família busca na 4ª Vara Federal de Santos, litoral de São Paulo, a execução de uma perícia de produção de provas, com o objetivo de encontrar as evidências necessárias para reabrir o caso e impedir a prescrição.
"O laudo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e o inquérito da Polícia Federal eram dados como definitivos, mas a produção de provas é a máxima, e coloca o caso sob investigação no aspecto cível, podendo ir para as esferas criminais. A causa do acidente de Eduardo Campos não tem uma definição legal ou real”, disse Antônio ao Diario.
O advogado conta que a nova investigação deve revisitar os destroços do acidente. "Muita coisa foi guardada, inclusive as peças do avião. Estão todas nessa produção de provas. Pedi a Polícia Federal para guardar o que foi coletado para perícia”, acrescentou.
Os familiares do ex-governador não são as únicas partes atentas a um novo desfecho do caso. A empresa americana Textron Aviation, sucessora da Cessna Aircraft, fabricante do avião, também entrou nos autos, após dificuldades de contato. “A ação é antiga, mas só agora chegou nos Estados Unidos, e a empresa quer acompanhar a perícia”, explicou Antônio Campos. Agora, a família espera novidades em breve sobre o processo.
"A produção de provas deve ser marcada ainda este ano. Temos dois grandes assistentes técnicos que acompanham o caso desde o início, muitos documentos guardados. E o caso não prescreveu do ponto de vista cível ou criminal". contou.
“Eu não vou desistir de descobrir a real causa do acidente. Meu irmão vivo, estaria sempre ao lado dele. E uma das homenagens é não desistir”, pontuou.
Relembre o acidente
O jatinho particular de Eduardo Campos caiu por volta das 10h de 13 de agosto de 2014 ao arremeter enquanto se preparava para o pouso, devido ao mau tempo. A aeronave acabou atingindo um bairro residencial na cidade de Santos, litoral paulista.
Além do ex-governador, outros seis passageiros perderam a vida: Alexandre Severo Silva, fotógrafo; Carlos Augusto Leal Filho (Percol), assessor; Geraldo Magela Barbosa da Cunha, piloto; Marcos Martins, piloto; Pedro Valadares Neto e Marcelo de Oliveira Lyra.
A aeronave prefixo PR-AFA decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto de Guarujá, também no litoral paulista.
Dias depois, a Aeronáutica informou que foi constatado que o jato estava com o trem de pouso e os flaps recolhidos.
O trem de pouso é composto por equipamentos e pneus para permitir a aterrissagem de aeronaves, e os flaps são instrumentos na asa que reduzem a velocidade de aviões.
Em 2018, a Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito e apresentou quatro causas possíveis do acidente: colisão com um elemento externo, desorientação espacial, falha de profundor e falha de compensador do profundor - equipamento responsável pelo controle do movimento da aeronave em torno do eixo lateral.
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