Um dos homens que foram enganados e chamados para longas conversas com um golpista que usava fotos de uma dançarina de Sorocaba (SP) conta que descobriu o crime por acaso. O criminoso pegou selfies da dançarina e criou um perfil falso para atrair homens para sexo virtual para depois extorqui-los.
Entre 2015 e 2016, a vítima, que preferiu não ser identificada, foi jogar vôlei em Pilar do Sul, cidade na região de Sorocaba, e conheceu o golpista, que era patrocinador do evento. No outro dia, o rapaz recebeu mensagens no WhatsApp com identificação de “Amanda”, nome usado para o crime.
“Quando eu vi a foto eu já suspeitei porque eu já havia visto em algum lugar. Conversamos e começaram as cantadas ‘dela’. Depois, fizemos amizade e começou a me mandar nudes”, lembra.
No entanto, desconfiado, o rapaz procurou uma conhecida e comentou sobre a situação quando viu uma foto compartilhada do perfil real de Talita Carriel, a verdadeira dona das selfies, pela amiga em comum.
“Também achei o perfil da tal ‘Amanda’ na rede social e, como eu sabia de tudo, tentei tirar informações ainda em conversas. Também suspeitei do jeito que ele escrevia e daí, um dia, eu joguei a real e ele confessou pelo WhatsApp. Fiquei muito bravo.”
Ameaças
Ao G1, Talita Carriel, de 30 anos, afirmou que conheceu o golpista quando trabalhou em duas gravações para baladas, em 2014. As fotos dela foram retiradas das redes sociais pelo criminoso para alimentar a conta falsa, identificada como "Amanda".
No perfil, em conversas com alvos atraídos, o criminoso usava também fotos eróticas aleatórias da web e em ângulos que não mostravam o rosto da pessoa. Ele as usava dando a entender que eram de Talita. O perfil fake era mantido tanto na rede social quanto em um aplicativo de mensagens.
"Nunca imaginei passar por isso. Fiquei em choque de saber a gravidade da situação. Usar minha imagem para extorquir as pessoas e ele acabou com casamentos. Um homem teve que fazer tratamento com psicólogo. Até tentei entrar em contato com ele para explicar, mas ele vinculou minha imagem e nem me deu chance de conversar. Me bloqueou", diz a mulher que teve a foto usada criminosamente.
Ao conseguir fotos de homens nus, o criminoso passava a extorquir as vítimas com ameaças de terem as imagens divulgadas nas redes ou para as esposas.
"Mensagens, recebi inúmeras. Nos bares e baladas, muitas pessoas me chamavam de 'Amanda' e ficavam cochichando. Um certo tempo depois eu tive minha filha e morria de medo que acontecesse algo comigo. A gente não sabe o que passa na cabeça das pessoas", afirma Talita.
Caso à tona
Talita, que teve a imagem usada entre 2014 e 2016, chegou a ser abordada na rua e questionada sobre supostos programas.
Conforme relatado pela vítima, uma das esposas dos homens a encontrou na rua e a ameaçou para que ela parasse de enviar fotos nuas ao marido. O caso, então, veio à tona quando a vítima conseguiu entrar em contato com um dos homens, que encaminhou algumas das imagens.
Com medo de um possível ataque, ela registrou um boletim de ocorrência sobre o caso. A Polícia Civil relatou o inquérito à Justiça.
"Foi literalmente um alívio, mas sujou minha reputação. Quem foi vítima e não soube do desfecho sempre que me vê irá pensar que fui eu realmente."
Em primeira instância pela Vara Cível de Pilar do Sul, o réu também foi condenado a pagar R$ 5 mil. O valor aumentou para R$ 15 mil pelo Tribunal de Justiça.
Na esfera criminal, ele foi condenado por falsa identidade, segundo o advogado da vítima, Claudio Dias Batista.
Fonte: G1
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