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26/02/2023 08:17
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Refugiada que vive no Brasil vende quadros para voltar à Ucrânia

Valéria Okoroka, de 22 anos, está em Sorocaba (SP) com a mãe e a irmã mais nova desde maio de 2022
/ Foto: Reprodução
Gazetaweb com G1

Um ano do conflito entre Rússia e Ucrânia se completa nesta sexta-feira (24) e segundo as principais análises e previsões, é pouco provável que a guerra termine em 2023.

Uma refugiada que vive no interior de São Paulo há nove meses, decidiu voltar ao país de origem e agora está vendendo seus quadros para conseguir os recursos necessários.

Valéria Okorokova, de 22 anos, hoje mora em Sorocaba (SP) e contou ao g1 que entende que o retorno será complicado, mas que, mesmo assim, precisa voltar à Ucrânia para visitar os túmulos do pai e do avô. O pai dela morreu lutando no conflito, em outubro do ano passado.

"Minha alma sente falta da minha terra natal e de pessoas que me entendem, mas, por outro lado, não sei quando voltarei para casa, porque preciso ir em março, mas não sei quando saio do Brasil, e a situação na Ucrânia está muito tensa agora. Com a morte do meu avô e do meu pai, será difícil voltar para casa, mas preciso visitar o túmulo do meu pai, vender a casa e cuidar da minha avó, que ficou sozinha", explica.

Além da ajuda da igreja que os acolheu, ela decidiu vender os quadros que pintou para arrecadar dinheiro e conseguir retornar ao país de origem.

"A situação continua muito tensa lá na Ucrânia. Ainda tenho uma avó acamada em minha cidade natal, Dobropolye, uma tia de Mariupol e outra tia em Donetsk. A Igreja Família nos ajudou financeiramente e nos aceitou em Sorocaba como refugiados. Não conseguiríamos ter vindo sozinhas, pois seria difícil atravessar o oceano sem apoio", relata.

Fora do mercado de trabalho

Embora estejam no Brasil há quase um ano, Valéria e a mãe não conseguiram arranjar emprego para se manter no país, nem para arcar com os custos da viagem de volta à Ucrânia.

Com dez anos de experiência em pintura por encomenda, a jovem tentou se virar em Sorocaba pintando retratos. Comprou o material necessário e fez cartões de visita, mas, como ainda não conseguiu aprender a se comunicar em português, seus serviços não foram procurados.

Já a mãe de Valéria, que trabalhou durante 15 anos como manicure, chegou a abrir um salão de beleza na cidade do interior de São Paulo. Ela alugou um quarto e comprou os equipamentos, mas também não teve demanda e precisou fechar o negócio.

"Meu pai morreu como um herói, defendendo meu país, no mês de outubro do ano passado. Ainda é muito difícil para mim falar sobre isso, pois perder um ente querido é uma dor insuportável. Por isso, preciso de ajuda para voltar a minha terra natal", explica.

Valeria chegou a vender os quadros na igreja, mas agora eles estão expostos em uma livraria do Centro de Sorocaba onde podem ser comprados.

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