Vítima da cervejaria Backer, o professor Cristiano Mauro Assis Gomes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vai receber um rim da mulher, Flávia Schayer, na manhã desta terça-feira (29). O transplante será realizado no Hospital Felício Rocho, no Centro-Sul de BH.
Cristiano voltará a um hospital depois de ficar mais de 70 dias internado no Biocor, em Nova Lima, Grande BH. Praticamente sem movimento no rosto, ele chegou a pesar 120 quilos por conta das dificuldades dos rins em filtrar, diante dos danos causados pelo dietilenoglicol, a substância química encontrada em dezenas de lotes de cervejas da Backer.
O rótulo mais contaminado é justamente o que foi mais consumido por Cristiano Mauro Assis Gomes: a Belorizontina.
“Pensei que seria melhor morrer. A dor é terrível. É insuportável. Eu não desejo para ninguém da empresa o que eu passei”, afirmou a vítima quando recebeu alta do Biocor, em março.
“Quando fiquei sabendo que era a cerveja, pensei: 'Isso é o Brasil'. Depois, a segunda sensação foi que precisamos mudar esse país. Empresários insensíveis que só pensam em lucro. Precisamos fazer uma crítica à vida privada. Como estamos agindo no capitalismo? Precisamos de ética. Os exemplos são péssimos”, disse.
Cristiano tomou cerca de 30 garrafas da Belorizontina ao longo do mês de dezembro. No dia 30 de novembro, ele já havia consumido sete em uma festa num sítio de amigos e passou mal.
Depois disso, ele bebeu cerca de uma por noite no mês seguinte. No dia 21 de dezembro, consumiu aproximadamente cinco garrafas e não se sentiu bem nos dias seguintes.
Na antevéspera do Natal, ele foi internado no Hospital Biocor. A hemodiálise começou justamente na data em que se comemora o nascimento de Cristo.
Quatro dias depois, o drama da família aumentou quando Cristiano deu entrada no CTI, onde permaneceu por 44 dias. Os sintomas neurológicos iniciaram em 1º de janeiro.
O caso
De acordo com denúncia do Ministério Público, o caso Backer deixou 10 mortos e 16 pessoas com quadros de saúde graves.
O inquérito da Polícia Civil terminou com 11 indiciados: uma testemunha que mentiu; o chefe da manutenção, por omissão; seis responsáveis técnicos por homicídio culposo, lesão corporal culposa e por agirem com culpa na contaminação; e, por fim, três gestores da Backer indiciados por atos na pós-produção.
No início do mês, o MP denunciou 10 pessoas à Justiça, entre sócios-proprietários da Backer e responsáveis técnicos.
Fonte: Correio Braziliense
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