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01/08/2024 07:11
Meio Ambiente

AM volta a bater recorde no número de queimadas e registra quase 800 focos em um único dia

Estado já acumula maior número de focos de queimadas para um mês de julho em 26 anos de monitoramento do Inpe. Queimadas, que se concentram em grande parte no 'arco do fogo', ocorrem em meio à seca que atinge o estado
/ Foto: Divulgação/Ibama-AM
Redação com G1

O Amazonas voltou a bater recorde no número de queimadas em um único dia. Somente na terça-feira (30), foram 783 focos de calor registrados em todo o estado. Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Com isso, até a terça-feira (30), o Amazonas contabiliza 4.072 focos de queimadas em julho, o maior número desde 1998, ou seja, em 26 anos, desde quando o Inpe começou a monitorar as queimadas na Amazônia.

De acordo com o Inpe, no ano passado, nessa mesma data, foram registrados apenas 121 queimadas no estado. Comparando os dois anos, houve um aumento expressivo de 547% no número de focos de calor no estado.

121 focos de calor registrados no dia 30 de julho de 2023;
783 focos de calor registrados no dia 31 de julho de 2024 (aumento de 547% em comparação com 2024;

O número é tão alto que somando o total de focos de calor registrados em julho de 2022 (1.428) e 2023 (1.947), ainda assim o registrado neste ano é superior.

O avanço do fogo ocorre em meio à seca que atinge o estado e que, segundo o governo, deve ser mais severa do que aquela registrada no ano anterior, sendo a maior da história do Amazonas. Na segunda-feira (29), a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, que banham municípios amazonenses.

Apuí lidera ‘ranking’ do fogo

O município de Apuí, na Região Sul do Amazonas, lidera o ranking das dez cidades que mais queimam no país. Dados do BDQueimadas, do Inpe, também apontam que até o dia 30, o município registrou 1,4 mil queimadas. Em segundo lugar, aparece a vizinha Lábrea, com mais de 900.

As duas cidades amazonenses desbancaram Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul que, até mais da metade do mês, liderou o ranking do fogo.

Apuí (AM): 1.434
Lábrea (AM): 920
Corumbá (MS): 742
Itaituba (PA): 719
Porto Velho (RO): 633

O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, disse que o órgão deslocou três brigadas para combater os incêndios na região, que é conhecida no estado como “arco do fogo”, devido a forte presença da pecuária.

 

Ainda de acordo com Joel, o Ibama tem desenvolvido, além do combate aos incêndios florestais, atividades de educação ambiental nos municípios: “As atividades desenvolvidas são de educação ambiental, de instrução de escolas, comunitários e produtores rurais sobre o uso do fogo e sobre os incêndios”.

O superintendente também colocou o órgão à disposição para ajudar o estado e os municípios no combate aos incêndios florestais.

Em nota, o Governo do Amazonas disse que tem atuado com rigor no combate às queimadas, especialmente no Sul do Estado, com a Operação Tamoiotatá. As ações integradas envolvem órgãos estaduais e federais e, além de sanções administrativas, resultam em prisões e apreensões de materiais ilícitos. A operação resultou, até junho, na aplicação de R$ 14 milhões em multas.

 

O Amazonas está em emergência ambiental devido aos focos de calor. Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação. Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibido a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.

O cenário que se avizinha parece repetir 2023, quando o Amazonas registrou mais de 20 mil queimadas ambientais, sendo o segundo pior ano desde 1998, quando o Inpe começou a fazer o monitoramento do bioma.

Nota do Governo do Amazonas

O Governo do Amazonas informa que nos últimos anos tem atuado com rigor no combate às queimadas, especialmente no Sul do Estado, com a Operação Tamoiotatá. As ações integradas envolvem órgãos estaduais e federais e, além de sanções administrativas, resultam em prisões e apreensões de materiais ilícitos. A operação resultou, até junho, na aplicação de R$ 14 milhões em multas.

O Estado conta também com as Operações Aceiro, a maior força-tarefa integrada já realizada no Amazonas na repressão de crimes ambientais, e Céu Limpo, com foco na capital. Até 19 de julho, as missões já combateram 1.454 focos de calor. Deste total, 1.381 foram por meio da Operação Aceiro 2024, no interior, e 73 com a Operação Céu Limpo.

 

Paralelo às operações, o Governo do Amazonas vem fortalecendo as estruturas de fiscalização e combate aos crimes ambientais. Em 2021, o governador inaugurou o Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP) do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

As ações de campo seguem dados de monitoramento via satélite, que são analisados e disponibilizados diariamente por técnicos do Ipaam e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Equipes de diversos órgãos ambientais e de segurança fortalecem a força-tarefa em campo.

Em junho, 10 sensores de monitoramento da Qualidade do Ar foram entregues pela Sema à Defesa Civil do Amazonas. A entrega é fruto de um termo de cooperação entre o Governo do Amazonas e a Embaixada da Coreia do Sul. Até o momento, Nhamundá, Autazes, Careiro Castanho, Manaquiri, Itapiranga, Silves, Maraã, Codajás, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Sebastião do Uatumã e Urucará estão com monitoramento ativo.

Todas as operações foram lançadas de forma antecipada neste ano, em virtude da severa estiagem prevista, que impacta no aumento das ocorrências de incêndios. A maior parte do território do Amazonas sofre com o período seco atual, intensificando, assim, a ocorrência de queimadas.
 

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