A catarinense Manuela Vitória de Araújo Farias, presa na Indonésia por tráfico drogas, será interrogada em 2 de maio, segundo a defesa. O depoimento da brasileira faz parte das últimas etapas do julgamento antes da sentença, que pode condená-la à morte.
As testemunhas de defesa de Manuela foram ouvidas no dia 18 de abril, segundo o advogado Davi Lira, que representa a família e acompanha o caso. As testemunhas de acusação — quatro oficiais da alfândega e dois policiais — também foram ouvidas, no dia 11 de abril, em uma audiência de instrução e julgamento.
— É uma fase de oitiva de testemunhas e produção de provas. No dia 11, teve oitiva de testemunhas de acusação. Foram seis. No dia 18, foi a vez das testemunhas de defesa. Após a instrução do processo, vai ter uma sentença, que ainda não tem data definida — explica o advogado.
A brasileira foi presa na Indonésia com 3,9 quilos de cocaína, virou ré no país e pode receber pena de morte após o julgamento.
— Ela passou a se tornar ré em processo judicial. O ministério ofereceu a denúncia e o processo está andando — diz Davi.
Manuela Vitória, que trabalha como vendedora de roupas e perfumes, contou aos familiares que iria passar o réveillon em Bali com um namorado, que reside em Portugal e com quem ela já havia viajado para o exterior no passado. A brasileira, no entanto, chegou à Indonésia sozinha.
Após aterrissar no aeroporto de Bali, Manuela acabou detida quando os quase 4 quilos de cocaína, distribuídos em pacotes escondidos em duas malas, foram detectados no raio-x. Quatro comprimidos de clonazepam também estavam guardados em uma bolsa. Desde então, ela está presa, tendo como advogado um defensor público.
Segundo ele, a pena mínima é de cinco anos, mas pode chegar até a pena de morte, de acordo com Davi Lira da Silva. A família chegou a tentar contratar um advogado particular especialista em casos como esse, mas o preço, que ficava acima dos US$ 50 mil, foi um impeditivo.
'Usada como mula', diz defesa
De acordo com o diretor de Investigação de Narcóticos de Bali, Kombes Iwan Eka Putra, Manuela relatou não saber que levava substâncias ilegais na bagagem. Conforme o seu relato, foi prometido a ela entrar em uma escola de surfe em troca do transporte das bagagens. Ainda de acordo com Kombes Putra, a polícia não conseguiu identificar quem seria o destinatário das drogas.
O advogado da família de Manuela defende que ela foi usada como “mula”.
— A Manuela foi usada. Tem um termo que a gente usa para isso, que representa bem o que aconteceu. Chama-se: mula. Os policiais da Indonésia mesmo se referiram a ela como atravessadora — explica o advogado, que atua no Pará, estado onde a jovem, moradora de Belém, tinha residência. — Ela não é narcotraficante. Ela é uma jovem que tem sonhos, esperanças.
De acordo com o advogado, ela foi aliciada por uma organização criminosa com atuação em Santa Catarina para fazer a viagem levando o carregamento, com a promessa de que passaria um mês de férias em Bali, com uma matrícula garantida na escola de surfe.
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