Cientistas da Universidade da Pensilvânia estão treinando novos possíveis aliados na luta contra o coronavírus: cães farejadores. A ideia por trás do estudo, gerenciado pela Penn Vet Working Dog Center, é que as reações infecciosas do vírus transformam o cheiro humano e um cachorro é capaz de detectá-lo.
Segundo o Washington Post, o estudo emprega nove cães. Na fase atual, os cães se mostraram capazes de detectar com sucesso a urina de pacientes positivos para covid-19.
Os pesquisadores projetam, em caso de sucesso no método, que cães serão capazes de examinar até 250 pessoas por hora, com uma taxa de acerto muito maior que os atuais exames rápidos.
Mesmo que a demanda pelo sucesso do estudo seja altíssima, os cientistas ainda continuam cautelosos para divulgarem resultados. “Por mais ansiosos que estejamos para divulgar isso, queremos ter certeza de que é responsável, ético, científico e seguro”, afirmou Cindy Otto, diretora do Penn Vet Working Dog Center, em entrevista ao Washington Post.
A teoria por trás do treinamento dos cães é simples e existe há bastante tempo: doenças e infecções frequentemente mudam nosso cheiro e cachorros, que possuem 50 vezes mais sensores de cheiros que humanos, são capazes de detectar essas mudanças. Hipócrates, considerado o pai da medicina moderna, registrou os "fortes odores" da urina de pacientes de certas doença, em 400 a.C.
Cães são usados atualmente para detectar certos tipos de câncer, diabetes, malária e algumas infecções bacterianas e viroses, o que abre a possibilidade para exames de covid-19, mesmo entre pacientes assintomáticos.
Enquanto treinam cães, cientistas de diferentes áreas — neurociência, química, nanotecnologia e cognição animal — buscam compreender como funciona o olfato, uma área ainda muito incompreendida.
Como consequência, futuramente, narizes artificiais podem ser empregados com mais frequência nesse tipo de teste, ao invés de depender das habilidades e dos caros treinamentos de cachorros.
Além de registrar o sucesso dos animais detectando odores, cientistas também precisam registrar a temperatura do dia, umidade do ar e horários. Cada um desses fatores pode influenciar em como as moléculas de odor se dispersam no ar.
Existe também um triste efeito secundário positivo no uso de cães. Como atualmente pessoas desconfiam de cientistas por motivos conspiratórios, e cães não possuem segundas intenções, é possível esses animais recebam mais confiança em diagnósticos, principalmente de assintomáticos.
Não existe data para que exames do tipo possam ser usados em experimentos clínicos aprovados, mas Otto classifica os resultados preliminares como encorajantes. Um dos cães, por exemplo, foi capaz de detectar mudanças na urina de um paciente que tivera covid-19 anteriormente.
Fonte: R7
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