O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) liderou um comboio para transportar mais de 500 pessoas de Mariupol para Zaporíjia, na Ucrânia. A equipe tentou entrar em Mariupol por cinco dias, mas as condições de segurança não permitiram. A cidade litorânea sofre um cerco russo desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.
Como a Cruz Vermelha não conseguiu resgatar os cidadãos de Mariupol, os civis transportados tiveram que fugir por conta própria no início. O grupo com os 500 refugiados deixou a cidade de Berdiansk na terça-feira (5/4) e chegou a Zaporíjia, a 220 quilômetros de Mariupol, nesta quarta-feira (6/4).
“A chegada deste comboio a Zaporíjia é um grande alívio para centenas de pessoas que sofreram imensamente e agora estão em um local mais seguro. É claro, porém, que milhares de civis presos dentro de Mariupol precisam de uma passagem segura. Como um intermediário neutro, estamos prontos para responder a esse imperativo humanitário assim que acordos concretos e condições de segurança permitirem”, disse Pascal Hundt, chefe da delegação do CICV na Ucrânia.
Moradores de Mariupol e ONGs que trabalham no local relatam a situação catastrófica de corpos pelas ruas, civis abrigados em porões, sem água, comida ou comunicação. Até janeiro, a cidade tinha 400 mil habitantes. Hoje, a estimativa das autoridades é de que haja por volta de 160 mil pessoas.
Os russos já têm controle quase completo de Mariupol, mas há indícios de que ainda existem combatentes do Batalhão Azov, uma milícia de extrema direita incorporada à Guarda Nacional ucraniana em 2014 para combater separatistas pró-Rússia na região de Donbass, ao leste do país.
A cidade é estratégica porque, caso a Rússia tomasse o controle, haveria um corredor por terra entre Donbass e a península da Crimeia. Nas regiões, estão separatistas a favor da Rússia e, no segundo caso, a região chegou a ser anexada pelo grande país eslavo, em 2014.
O prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, disse à BBC nesta quarta-feira que a situação humanitária está “terrível” e que os ataques aéreos russos não cessaram. De acordo com o prefeito, mais de 100 mísseis foram lançados apenas na terça-feira.
“A situação humanitária na cidade está piorando”, disse, em comunicado. “A maioria dos 160 mil residentes restantes não têm luz, comunicação, remédios, aquecimento ou água. As forças russas impediram o acesso humanitário, provavelmente pressionando os defensores a se renderem.”
O próprio prefeito não está mais na cidade, mas tem recebido informações de moradores que ainda não fugiram.
Estima-se que 90% dos edifícios foram danificados e destruídos. Um terço não tem chance de reparo. Boychenko chama os russos de “criminosos de guerra” e pede punição pelo que têm feito, mas define que a prioridade deve ser evacuar a cidade em segurança.
O governo municipal de Mariupol disse que a forma como a comunidade internacional agiu em face das denúncias de atrocidades em Bucha, próximo a Kiev, durante a ocupação russa levou Moscou a coletar os cadáveres em Mariupol e queimá-los em crematórios. O governo estima que o número de civis mortos em Mariupol deve ser maior do que 5 mil.
Fonte: Metrópoles
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