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20/05/2024 15:35
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Suspeitos no desaparecimento de advogada desviaram R$ 3 milhões do resgate para o Paraguai

Outros R$ 950 mil do resgate de Anic Herdy foram usados para comprar de eletrônicos para loja da família dos suspeitos
Lourival Correa Netto Fatiga, apontado como mentor do sequestro de advogada no Rio de Janeiro / Foto: Reprodução/Redes sociais
Redação com CBN

Criminosos envolvidos no desaparecimento da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, enviaram cerca de R$ 3 milhões para o Paraguai para esconder os valores extorquidos da família dela e despistar a polícia. A informação foi confirmada à CBN pela delegada responsável pelo caso, Cristiana Onorato Miguel.

Anic desapareceu no dia 29 de fevereiro deste ano. Bandidos que teriam sequestrado a mulher chegaram a cobrar da família R$ 4,6 milhões pelo resgate. O valor foi pago, mas a vítima não foi entregue. 

Carro de luxo, moto e eletrônicos e abertura de loja

A possibilidade de os bandidos ainda terem acesso ao dinheiro é o que dificulta que eles confessem o crime, segundo os investigadores. Segundo a delegada, além dos R$ 3 milhões enviados ao Paraguai, R$ 950 mil foram gastos na compra de eletrônicos para uma loja da família dos suspeitos. Outros mais de R$ 500 mil, em um carro de luxo e uma moto.

 

Quatro pessoas suspeitas de envolvimento no sumiço foram presas pela Polícia Civil. Uma delas é Lourival Correa Netto Fatiga, técnico de informática e amigo da família de Anic há cerca de três anos. Ele tinha acesso à rotina da casa onde a vítima e o marido moravam, em Teresópolis. Lourival é considerado o mentor do crime pelos investigadores.

É na transação de compra de celulares e eletrônicos que a polícia encontra uma das principais provas materiais para conectar Lourival ao sequestro. A delegada Cristina Onorato Miguel explica que o marido de Anic fez uma transferência para compra de R$ 950 mil em celulares, a pedido dos criminosos. Dois dias depois, Lourival abriu uma loja revendedora da Apple.

“Esse dinheiro já foi mandado para Paraguai, para Foz do Iguaçu. Ele pulverizou esses valores. O que a polícia conseguiu localizar foi a Dodge Ram, comprada com o valor de R$ 500 mil em espécie e uma moto. Ele abriu um estabelecimento comercial em Teresópolis de revenda da Apple, e essa loja foi aberta dois dias depois do pagamento do resgate. E o que a gente sabe é que um dos valores que a vítima, o senhor Benjamin, passou como se tivesse adquirindo os dólares para o pagamento do resgate, foi diretamente para a conta de um revendedor de celulares. Ele comprou R$ 950 mil em celulares para colocar na loja para vender”, destacou a delegada.

Outras provas importantes são a localização de Lourival no dia do sequestro e no dia do pagamento do resgate. Pelo rastreio de antenas de celulares e por imagens de câmeras de segurança, a polícia constatou que o carro de Lourival estava perto do shopping onde Anic foi vista pela última vez. Além disso, o homem não estava onde diz quando supostamente levou o dinheiro aos bandidos.

 

“A gente monitorou os passos dele com o carro, para ver por onde que ele andava. E no dia do desaparecimento da Anic, ele diz que estava em Teresópolis. Só que analisando as antenas e monitorando o veículo dele, a gente viu que ele foi exatamente para o shopping na hora que a Anic desapareceu, e ela entrou no veículo dele nesse dia. Esse foi o último dia que ela foi vista. Além disso, a o que ele fala é que os sequestradores, conversando com ele por mensagens, determinaram que ele fosse até o Terreirão depositar o dinheiro numa lata de lixo. Só que, pelas antenas, neste dia, nesta hora que ele alega que estava pagando o resgate, ele estava exatamente numa concessionária, na Barra, comprando veículos, que já estavam sendo negociados desde janeiro”, explica.

A principal suspeita da polícia, neste momento, é de que Anic tenha sido assassinada e que o corpo dela foi escondido pelo grupo criminoso. A defesa da família, no entanto, afirma que os parentes mantêm viva a esperança de encontrar a mulher com vida.

 

Para a delegada Cristiana Onorato Miguel, o crime já está elucidado, com a responsabilização das pessoas que já foram presas. As únicas dúvidas, neste momento, são as localizações de Anic e do dinheiro pago pela família aos sequestradores.

Lourival e outras três pessoas estão presas preventivamente.

 

O que diz a defesa de Lourival Correa Netto Fatiga

O advogado Paulo Vinícius Tostes, que patrocina a defesa de Lourival Correa Netto Fatiga, esclarece que ainda não foi formalmente notificado da acusação contra seu cliente em processo que tramita sob segredo de Justiça.

A defesa esclarece que estará tomando conhecimento e analisará todos os elementos de acusação e se houve cumprimento às formalidades legais, e somente se manifestará perante o Judiciário eis que se vê impossibilitada de levantar questões importantes para o deslinde da causa, mas confia no estado democrático de direito e nas instituições para garantirem a lisura e imparcialidade essenciais ao julgamento.

Ademais, afirma que pelo que se acompanhou durante o procedimento investigatório foram fatos meramente especulativos e baseados em meras suposições, além de não terem percorrido todos os caminhos de investigações necessários à real elucidação do caso.

A defesa acredita que irá comprovar durante a instrução criminal que a acusação se deu de forma açodada e que os verdadeiros eventos não foram apurados, crendo na improcedência dos fatos atribuídos a seu cliente.

A CBN não conseguiu contato com os outros suspeitos e aguarda retorno para posicionamento.

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