Autoridades do Qatar, país que fez a mediação entre Israel e o Hamas, confirmaram que a trégua na guerra que devasta a Faixa de Gaza terá início nas primeiras horas desta sexta-feira (23). O cessar-fogo deve começar às 7h no horário local (2h em Brasília). Já a liberação do primeiro grupo de reféns mantidos pelo grupo terrorista no território palestino deve ocorrer às 16h (11h em Brasília).
Treze pessoas que foram sequestradas pelo Hamas na incursão sangrenta ao território israelense em 7 de outubro devem ser soltas no primeiro dia do acordo. O governo de Israel disse já ter recebido os nomes dos reféns que podem ser liberados, e que autoridades estavam em contato com seus familiares. O gabinete do premiê Binyamin Netanyahu não divulgou detalhes das vítimas, nem se há estrangeiros na relação.
Majed Al-Ansar, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Qatar, disse que o primeiro grupo é formado por mulheres e crianças. Ele afirmou que as autoridades qataris se esforçam para que a transferência ocorra de forma segura.
Uma sala de operações em Doha deve monitorar a trégua e a libertação de reféns. As autoridades terão linhas de comunicação diretas e em tempo real com Israel, o escritório político do Hamas em Doha e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). "O importante é mantermos uma linha de comunicação clara [...] e garantir que o ambiente onde acontecerá a transferência de reféns seja seguro", disse Ansari.
As Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas, também confirmaram o início da trégua em seu canal no Telegram. Segundo a organização, "aeronaves hostis" interromperiam os voos sobre o sul da Faixa de Gaza, alvo de bombardeios israelenses. Ainda deixariam de voar sobre a Cidade de Gaza e outras regiões ao norte durante seis horas diárias, das 10h às 16h no horário local (5h às 11h em Brasília). O acordo é válido para quatro dias, mas poderá ser prorrogado, a depender de avanços nas negociações.
Autoridades israelenses, por sua vez, não confirmaram os horários da trégua ou da libertação dos sequestrados, segundo o jornal americano The New York Times. O gabinete do premiê confirmou, porém, ter recebido uma lista dos nomes dos primeiros reféns a serem soltos e disse ter entrado em contato com suas famílias.
Primeiro tratado firmado pelas partes em guerra desde o seu início, ele prevê a liberação de cerca de 50 das 240 pessoas sequestradas pelo Hamas durante os atentados de 7 de outubro. Dessas, 30 seriam crianças e 20, mulheres, sendo 8 delas mães.
A cada dia da trégua, um grupo de 12 a 13 reféns será solto. Eles serão entregues pelo grupo terrorista ao Crescente Vermelho -versão da Cruz Vermelha para o mundo islâmico-, que, por sua vez, os levará para agentes das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).
Em troca, Tel Aviv se comprometeu a soltar 150 palestinos detidos em seus presídios, todos mulheres ou menores de idade. Nesta quarta, Israel divulgou uma lista com 300 nomes que estariam elegíveis para a troca por reféns. De acordo com a imprensa israelense, o fato de o número ser o dobro do que havia sido acertado com o grupo terrorista em um primeiro momento pode significar que mais sequestrados serão libertados nos próximos dias.
Quatro reféns haviam sido libertadas pelo Hamas antes do acordo mais recente, também após mediação do Qatar. Em 20 de outubro, duas mulheres americanas foram soltas. Depois, no dia 23, mais duas mulheres, as primeiras israelenses, foram liberadas.
As negociações pela libertação de reféns têm sido foco de tensão para o governo de Netanyahu em meio aos bombardeios intensos em Gaza. Manifestantes pressionam o premiê em atos quase diários que exigem mais esforços pela soltura das vítimas.
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