O agente de proximidade do Programa Ronda no Bairro, Cícero Elias dos Santos, de 40 anos, começou a sentir tosse seca, falta de ar e dor de cabeça no início da tarde do último dia 20 de maio, uma quarta-feira. Foi medicado pela família com um analgésico, ideal para combater dores e febre que, muitas vezes, são causadas por gripes e resfriados. Chegou a pensar que fosse “uma gripe à toa”, mas, com o avançar da noite, o mal-estar acabou o derrubando.
Ele procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Tabuleiro do Martins, onde precisou ficar internado durante três dias. Lá, por meio de exames, foi diagnosticado com a Covid-19, causada pelo novo coronavírus. O quadro se agravou e, rapidamente, foi encaminhado para o Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira (HM), localizado no bairro Poço, em Maceió.
Ao dar entrada no HM, que, desde abril deste ano, tem sido referência para o atendimento de pacientes com a Covid-19, Cícero Elias ficou internado num dos leitos da semi-intensiva. Contudo, em menos de 24 horas, a equipe multidisciplinar do hospital avaliou o seu caso e o transferiu para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ficou entubado durante cinco dias.
De acordo com Luiz Guilherme de Almeida, nefrologista e coordenador médico do Centro de Terapia Intensiva Covid-19 do HM, embora não apresentasse nenhum tipo de comorbidade como diabetes, como diabetes, por exemplo, que aumentam significativamente o risco de agravamento do quadro do paciente para a Covid-19, Cícero Elias evoluiu para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
“Durante esse tempo em que ficou na UTI, ele ficou sob ventilação mecânica e sedado. Após a aplicação do Protocolo Covid-19 da Sesau [Secretaria de Estado da Saúde], evoluiu com desmame da ventilação mecânica, saindo da entubação e voltando novamente para o leito da semi-intensiva. Após 13 dias internado aqui, hoje ele volta para o seio familiar e, com ele, somamos 249 altas hospitalares, desde o início da pandemia. São histórias como essa que motivam a equipe multidisciplinar a lutar com coragem e cautela”, destacou o coordenador médico da UTI Covid-19 do HM.
Após Cícero Elias sair do leito, cujos olhos se encontravam marejados e vermelhos, ele foi recepcionado pelos profissionais do HM, com aplausos e mensagens de incentivo. “A sensação é de vitória. Cheguei aqui nas últimas, mas, graças a Deus, venci essa batalha. Agradeço, do fundo do coração, a toda equipe desse hospital, que me recepcionou bem, desde o momento em que entrei aqui. Que vocês continuem se doando pra salvar ainda mais vidas”, disse ele, com a emoção estampada em seu rosto.
E a felicidade de estar de volta à vida não parou por aí. Após ele cruzar a porta automática de vidro da entrada do hospital, Cícero foi recepcionado pelos seus familiares e por seus companheiros do Programa Ronda no Bairro, que aguardavam, ansiosos, pela sua alta hospitalar. A celebração contou com a emblemática Imagine, canção escrita por John Lennon e Yoko Ono, lançada em 1971.
“A gente só tem que agradecer a vocês por toda a atenção dada ao meu marido nesse tempo em que ele passou aqui. Muito obrigada por tudo”, elogiou Sandra Nascimento, de 36 anos, esposa de Cícero Elias. “Hoje, a nossa palavra é só uma: gratidão. Obrigado por tudo que vocês fizeram pelo meu irmão, mas, também, pelo que estão fazendo pelos pacientes que ainda se encontram nos leitos”, acrescentou Valéria Freitas, uma das irmãs de Elias.
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