O primeiro transplante de fígado realizado no Estado de Alagoas completa três meses no sábado (14) e o educador físico Jorge Ricardo Queiroz de Andrade, que recebeu o órgão no dia 14 de maio, está em casa junto à esposa e as quatro filhas desde julho. A recuperação está sendo tranquila, sem infecções, mesmo diante da pandemia do novo coronavírus. Um marco para o Estado de Alagoas, o transplante de fígado feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi o primeiro de muitos que serão realizados daqui para frente.
De casa, Jorge Ricardo está seguindo as recomendações médicas. “Estou fazendo tudo certo, não saio de casa, a não ser para as consultas e os exames. Estou tomando vários medicamentos, a recuperação é lenta. Mas, com relação ao futuro, eu tenho muita fé em Deus”. Ele afirmou que não vê a hora de voltar a participar de projetos sociais e a frequentar a casa de Deus. O transplantado fez ainda um apelo para que as pessoas se conscientizem sobre a importância da doação de órgãos e passou o recado: “é muito importante salvar uma vida fazendo a doação de órgãos”, salientou.
Alagoas é, agora, um dos 15 estados brasileiros credenciados a realizar este tipo de transplante e os alagoanos não precisam mais sair do Estado para realizarem esta cirurgia de alta complexidade, com uma equipe qualificada. Aqui são realizados os transplantes de córneas, rim, coração e fígado. E este ano, até agora, foram realizados os transplantes de córnea e fígado.
A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, comemora o transplante realizado: “Sem dúvidas é um marco muito importante para Alagoas ter o transplante de fígado sendo feito aqui. Muitos alagoanos que precisavam se deslocar para outros estados, agora podem ficar perto dos seus familiares. E o Secretário Alexandre Ayres não mediu esforços para que essa realidade fosse concretizada”, destacou.
Para o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, a habilitação de Alagoas para a realização do transplante de fígado representa mais uma grande conquista que o Governo de Alagoas obtém em uma área tão importante na saúde pública. “Estamos ampliando a Rede Hospitalar, mas, sempre com um olhar voltado para a assistência e o bem-estar dos alagoanos. Por isso, possibilitar que o alagoano seja submetido ao transplante de fígado no Estado onde reside é uma ação que assegura qualidade de vida a quem mais precisa”, salientou Ayres.
Mais Transplantes – Daniela Ramos afirma, ainda, que existe possibilidade de se realizar mais transplantes de fígado ainda este ano, mesmo diante do cenário pandêmico: “Para ter transplantes é necessário que a família autorize a doação de órgãos. No caso de doadores de múltiplos órgãos, o paciente precisa ter a morte cerebral diagnosticada, atender aos critérios de elegibilidade, autorização da família e ser compatível com o receptor que aguarda o órgão”, explicou Daniela. “Trabalhamos para oferecer à família a chance de dizer sim à doação e proporcionar aos pacientes, que estão nas filas aguardando por um órgão, mais uma chance de vida”, continuou.
Sobre o transplante no Brasil – De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), foram realizados 10.384 transplantes de órgãos (rim, coração, pâncreas, pulmão, medula óssea, córnea e fígado), no Brasil, de janeiro a junho de 2021. Desse número, 920 transplantes foram de fígado. Segundo o Ministério da Saúde (MS) do total de transplantes realizados no País, 96% são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Vale lembrar que, no Brasil, basta comunicar à família sobre o desejo de ser doador para que a família possa autorizar posteriormente, mas a recusa familiar ainda é alta e se torna um dos principais motivos para que um órgão no Brasil não seja doado: mais de 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada, em 2020, segundo dados da ABTO. Em Alagoas esse número está em 40%.
O doador vivo pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais). Já um único doador falecido pode salvar mais de oito vidas, podendo doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.
Balanço – Conforme dados da Central de Transplantes de Alagoas, o Estado realizou 34 transplantes este ano, sendo 32 de córnea e dois de fígado, que contemplou Jorge Ricardo Queiroz de Andrade. Com relação à fila de espera, atualmente há 331 alagoanos aguardando por um transplante de córnea, 122 por um de rim, três por um novo coração e dois esperam por um fígado. “Para ser um potencial doador de órgãos, basta comunicar a família o desejo, não sendo mais obrigatório deixar registrado na Carteira de Identidade”, reiterou a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas.
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