O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a pesquisa Pessoas com deficiência e as desigualdades sociais no Brasil. Os dados mostram que Alagoas registra a 5º maior taxa de desemprego entre pessoas com deficiência, com 13,3%, enquanto no Brasil a taxa é de 10,3%. A principal fonte do estudo é a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, publicada em agosto do ano passado.
A pesquisa mostra que Alagoas tinha, até 2019, 285 mil pessoas com deficiência em idade de trabalhar, porém, apenas 62 mil estava, de fato, trabalhando. Em todo o Brasil, a taxa de desocupação era maior para pessoas com deficiência (10,3%) do que para as pessoas sem deficiência (9,0%). Esse indicador era de 25,9% entre as pessoas com deficiência de 14 a 29 anos de idade e de 18,1% para as pessoas sem deficiência da mesma faixa etária. Para os idosos com deficiência, a desocupação era de 5,1% ante 2,6% para os idosos sem deficiência.
Os recortes de sexo e cor ou raça apontam para outras disparidades. A taxa de desocupação era de 12,6% entre as mulheres brancas com deficiência e de 8,3% entre as sem deficiência. Esse indicador era maior (13,4%) para as mulheres pardas ou pretas com ou sem deficiência.
“Além de a taxa de participação das pessoas com deficiência ser bem menor do que a de pessoas sem deficiência, elas têm uma taxa de desocupação maior, que indica uma maior dificuldade em conseguir emprego. Isso pode ser causado por falta de acessibilidade da sua casa até o trabalho, no trabalho, ou pelo capacitismo, como é chamado o preconceito contra pessoas com deficiência”, diz Leonardo Athias, analista do IBGE.
Em 2019, as pessoas com deficiência recebiam, em média, R$ 1.639 mensais como rendimento do trabalho. Isso representa cerca de dois terços dos rendimentos das pessoas sem deficiência, que recebiam uma média de R$ 2.619 por mês naquele ano. A diferença permanece quando observadas todas as atividades econômicas. Ao mesmo tempo, há impacto no rendimento médio geral, pois há proporcionalmente mais pessoas com deficiência nos serviços domésticos, na agropecuária e nas atividades de alojamento e alimentação, setores com rendimentos médios menores.
“A menor remuneração das pessoas com deficiência aparece em todos os grupos de atividades, mas também há o efeito de elas estarem mais concentradas em atividades com menor rendimento. Essa diversidade de situações mostra a necessidade de políticas adaptadas”, analisa Leonardo.
Outro ponto abordado pelo estudo são os efeitos na inserção no mercado de trabalho das pessoas de 15 a 59 anos quando havia crianças e idosos com deficiência no domicílio. Esse indicador era maior para as mulheres em domicílios com crianças com deficiência (16,1%) e em domicílios com idosos com deficiência (14,3%) do que para o total de mulheres (11,6%).
“A diferença é bem maior quando há criança ou idoso com deficiência no domicílio e o papel de cuidador atinge mais as mulheres. Isso mostra uma questão importante para elaboração de políticas públicas que auxiliem a manter ou inserir as pessoas no mercado de trabalho, caso isso seja um desejo delas”, ressalta o analista.
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