A Braskem tem previstos R$ 14,4 bilhões para serem gastos em Maceió. Em entrevista ao Metrópoles, Marcelo Arantes, vice-presidente de pessoas, comunicação e marketing da empresa, afirmou que, do total de recursos previstos, a empresa já gastou R$ 9,2 bilhões na região, a maior parte em indenizações às vítimas atingidas pelo solo, que afetou os bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol.
Além dos tremores que expulsaram milhares de famílias de suas casas, recentemente, uma das minas operadas pela petroquímica rompeu, causando estragos na Lagoa Mundaú, bem como trazendo prejuízos a outras famílias que viviam e trabalhavam na região.
Entretanto, Marcelo garante o montante bilionário para ressarcir às vítimas tão prejudicadas pela extração de sal-gema desde a década de 70 e cujos efeitos são sentidos mais fortemente nos últimos anos.
“No total, temos estimados no nosso balanço R$ 14,4 bilhões para serem gastos com Maceió, dos quais R$ 9,2 bilhões já foram gastos, sendo que R$ 4,4 bilhões foram destinados à indenização de moradores e comerciantes daquela região”, diz.
O representante destaca que a Braskem participa das ações de compensação, mitigação e reparação à região atingida pelo afundamento do solo. “É todo interesse nosso que esse processo garanta a segurança das pessoas, estabilização do solo, a segurança daquela área e, no futuro, saber qual é o destino que vai ser dado à área dentro do Plano Diretor da cidade”, relata.
“Temos mais de 1,2 mil pessoas trabalhando dedicadamente, em todos os dias da semana, para apoiar aquela região. O processo de realocação de moradores já está concluído. Temos pessoas trabalhando no processo de fechamento das minas, nas obras que são feitas na região, no atendimento psicológico, na segurança da região e equipes diversas para apoiar o dia a dia da comunidade”, detalha.
Área desocupada
Embora o afundamento do solo seja uma questão discutida desde março de 2018, o tema voltou à tona após movimentação atípica da mina 18, no bairro do Mutange. Em 10 de dezembro, a caverna se rompeu e atingiu um trecho da Lagoa Mundaú.
O representante da Braskem explica que, desde abril de 2020, não havia ninguém morando naquela região e que o local onde a mina se rompeu faz parte de área da empresa. “100% da área de risco está desocupada”, enfatiza.
“Nenhuma outra cavidade da Braskem tem qualquer tipo de movimentação até o momento”, sublinha Marcelo Arantes.
Das 35 cavidades, somente nove apresentavam necessidade de serem preenchidas, sendo que seis já foram preenchidas ou pressurizadas. Uma das três que faltavam é a cavidade 18, que teve uma movimentação atípica recentemente. A Braskem destaca que continua com o trabalho de monitoramento do solo.
Em março de 2018, quando abalos sísmicos atingiram parte da cidade, ocasião em que aparecem rachaduras em algumas casas, a Braskem foi convidada a apoiar a análise da situação pelos órgãos locais.
Em maio de 2019, o Serviço Geológico Brasileiro emitiu um relatório em que coloca três principais hipóteses: qualidade do solo presente na região, falta de sistema de drenagem/água pluvial e a extração de sal pela Braskem, considerado o principal fator. “No mesmo dia, nós paralisamos as únicas quatro minas que estavam em operação naquele dia”, conta Marcelo Arantes.
A Braskem contratou institutos nacionais e internacionais para fazer um estudo mais amplo. Ainda em maio de 2019, a Braskem teve acesso a um relatório do instituto alemão IFG, recomendando que parte de uma área de mineração começasse um programa de realocação de pessoas. “No mesmo dia em que nós recebemos a comunicação, nós falamos com a Defesa Civil local, que criou a chamada área de resguardo”, relata.
Em 15 de novembro de 2019, a Braskem encerrou a extração de sal-gema e anunciou a realocação de 1,5 mil famílias em áreas de atenção. Além do remanejamento, a empresa destaca que se comprometeu com os cuidados aos animais, controle de pragas, zeladoria, instalação de sistema moderno de acompanhamento do solo e iniciou plano de fechamento de minas.
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