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10/02/2021 07:29
Alagoas

Mais de 180 alagoanos estão na fila por um transplante de medula óssea

Entre eles, pessoas com Leucemia, também conhecida como câncer do sangue
O pequeno Ulisses, diagnosticado com leucemia em novembro, trava uma batalha para encontrar um doador de medula óssea / Foto: Álbum de família
Agência Alagoas

 No segundo mês do ano, dedicado à Campanha Fevereiro Laranja, que incentiva a doação de medula óssea, 183 alagoanos estão na fila de espera por um transplante, conforme dados do Hemocentro de Alagoas (Hemoal). Entre eles está o pequeno Ulisses dos Santos, de apenas 1 ano e 11 meses de vida, que trava uma verdadeira batalha para conseguir um doador compatível, uma vez que, a cada 100 mil brasileiros, apenas um tem as mesmas características genéticas de um paciente e que permitem a realização do procedimento.

Diagnosticado com leucemia linfoide aguda, câncer que atinge os tecidos formadores do sangue, Ulisses dos Santos luta pela vida, mesmo que, diante de sua inocência, não tenha dimensão da gravidade da doença que o atinge. Natural de São Sebastião, no Agreste do Estado, distante 100 quilômetros de Maceió, ele já enfrentou uma verdadeira via-crúcis, até ser encaminhado ao Ambulatório de Hematologia do Hemoal, em novembro de 2020, onde a patologia foi detectada.

E além do tipo de leucemia que atinge Ulisses, há mais três tipos da doença, conforme explica a hematologista do Hemoal, Verônica Guedes. “Há a leucemia mieloide aguda, a mieloide crônica e a linfoide crônica. Apesar de a doença atingir adultos e idosos, ela se manifesta com mais frequência entre as crianças e, por isso, os pais devem observar se o filho está pálido, se há manchas roxas pelo corpo, febre sem explicação e dor óssea. Caso surjam esses sinais, a assistência médica deve ser procurada, onde será realizado o hemograma para detectar as alterações e, em seguida, fazemos um exame chamado mielograma”, detalha.

Os sintomas descritos pela hematologista do Hemoal foram justamente os percebidos pela mãe do pequeno Ulisses, o que ascendeu o sinal de alerta, indicando que algo estava anormal com o filho. “Ele sempre foi tão alegre, ativo e brincalhão, mas, passou a se mostrar muito sonolento, irritado e com dificuldades para dormir. Além disso, apareceram algumas manchinhas roxas pelo corpo, febre e vômito. Situação que me levou a procurar assistência médica e culminou com encaminhamento ao Hemoal, onde o diagnóstico foi fechado”, relata a mãe do garoto, Graicy Kelly dos Santos, que recebe assistência integral da Associação dos Pais e Amigos dos Leucêmicos de Alagoas (Apala).

Na entidade, que desde 1993 atende gratuitamente crianças com Leucemia, assegurando uma Casa de Apoio aos pacientes em tratamento e aos acompanhantes, o pequeno Ulisses fica hospedado todas a vezes que ocorrem as sessões de quimioterapia. “Além de receber todas as refeições diárias, acompanhamento social, psicológico e medicamentos, também asseguramos o transporte. Agora, ele está mais disposto e alimentando-se bem, renovando a esperança de que ele será curado da leucemia”, enfatiza a coordenadora técnica da Apala, Luiza Cabral.

Número baixo de doadores – Há três meses, os pais viajam com ele periodicamente para Maceió, onde o tratamento ocorre, por meio de sessões de quimioterapia, até o dia em que, finalmente, recebam a notícia de que um doador compatível foi localizado e, com isso, o transplante pode ser realizado. O obstáculo, no entanto, é o pequeno número de alagoanos inscritos no Cadastro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que corresponde a apenas 57.830.


Para que as chances de encontrar um doador compatível para Ulisses aumentem, segundo ressalta a hematologista do Hemoal, Verônica Guedes, é necessário que mais alagoanos se sensibilizem pela importância da doação de medula óssea. Um gesto simples e que pode salvar a vida de outros 182 alagoanos, que sonham em receber uma ligação do Redome, informando que um doador compatível foi encontrado e o transplante poderá ser realizado.

“Com mais alagoanos cadastrados como doadores de medula óssea, crescem, exponencialmente, as chances de encontrar doadores compatíveis com pacientes como o Ulisses, acometidos pela leucemia, e alagoanos com outras doenças hematológicas, que também necessitam de um transplante. Por isso, reforçarmos que, àqueles que tenham boa saúde, se disponham a comparecer ao Hemoal e venham a se cadastrar como doadores de medula óssea”, apela Verônica Guedes.

Como se tornar um doador – O procedimento é simples, bastando, apenas, realizar um cadastro no Hemoal, cujos dados serão disponibilizados no Redome. O voluntário, no entanto, deve ter entre 18 e 55 anos de idade, estar com a saúde em bom estado, não ter doença infecciosa ou que incapacite, não estar com câncer e não possuir doenças do sistema imunológico e hematológicas, além de realizar a doação de 5 ml de sangue para que o código genético seja analisado.

“O voluntário deve comparecer ao Hemoal munido do CPF, Carteira de Identidade, além de informar o endereço residencial. Após preencher um formulário com os dados pessoas, ele já estará cadastrado e, caso ocorra a compatibilidade com algum paciente que aguarda por um transplante de medula óssea, o candidato à doação será convocado para fazer outros exames complementares e a doação de medula será realizada. Realidade que é rara de ocorrer, uma vez que, apenas um a cada 100 mil brasileiros será compatível com um paciente. Desse modo, ampliar o número de candidatos à doação é imprescindível”, sentencia Verônica Guedes.

Como ocorre a doação – Com a compatibilidade comprovada, o doador será encaminhado para uma unidade hospitalar onde o paciente acometido pela leucemia está internado. “Por meio de uma punção na medula óssea, que não deve ser confundida com a coluna vertebral, será retirado um pouco de sangue do local, que irá ser transplantado no paciente. Após 24 horas, o doador já pode receber alta médica e, em uma semana, ele já pode retornar às suas atividades normais, sem nenhuma sequela e com a sensação de que salvou uma vida”, destaca a hematologista do Hemoal.

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