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21/05/2021 09:52
Alagoas

Paciente do primeiro transplante de fígado em Alagoas recebe alta da UTI

O homem de 57 anos recebeu o órgão de uma mulher de 43 anos que sofreu um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico
O paciente estava inscrito na Lista de Transplantes de Pernambuco, uma vez que Alagoas ainda não realizava este procedimento, mas passou a integrar a fila alagoana em 11 de março / Foto: Divulgação Assessoria
Assessoria Santa Casa

 Vítima de cirrose, em decorrência de uma Hepatite B, o homem de 57 anos que recebeu o primeiro transplante de fígado em Alagoas passa bem e teve alta da UTI na quarta-feira (19). A cirurgia foi realizada na última sexta-feira (14), na Santa Casa de Maceió, única instituição no Estado credenciada pelo Ministério da Saúde para esse tipo de intervenção.

“Na segunda-feira (17), exames mostraram que o fígado implantado estava funcionando plenamente. O paciente se recupera bem, está fora da UTI e com boas perspectivas de receber alta hospitalar em breve”, disse o cirurgião Oscar Ferro, coordenador do Programa de Transplantes de Fígado do hospital.

O paciente estava inscrito na Lista de Transplantes de Pernambuco, uma vez que Alagoas ainda não realizava este procedimento, mas passou a integrar a fila alagoana em 11 de março. Dois meses e dois dias depois, um órgão compatível surgiu e foi transplantado em seis horas de cirurgia. A doadora foi uma mulher de 43 anos, que sofreu um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH).

Além de Oscar Ferro, a cirurgia de grande porte foi realizada pelo grupo formado pelos cirurgiões Felipe Augusto Porto e Leonardo Wanderley Soutinho, e pelos anestesistas Cira Queiroz e Danillo Amaral. Com o início das atividades do Programa de Transplante de Fígado, a Santa Casa de Maceió abraça todos os níveis de complexidade cirúrgicas com o transplante de rim e de coração.

Programa

Durante cinco anos, a Santa Casa de Maceió realizou apenas a captação de fígado (cirurgia de retirada) e enviava o órgão para outros estados. A excelência do trabalho executado na instituição despertou a atenção da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que apoiou o hospital alagoano, e do Ministério da Saúde, que o incluiu na rede de hospitais que já realizam transplantes no Brasil.

“Mais importante que o pioneirismo, é poder ofertar essa modalidade terapêutica, sem distinção, para todos os alagoanos pelo SUS. Está de parabéns todo o hospital pelo esforço científico que fez para esse momento, toda equipe que se dedicou estudando e trabalhando durante meses para dar início ao Programa de Transplante de Fígado, e o Governo e Alagoas por ter acreditado na medicina do estado e em nossa Santa Casa de Maceió”, disse o diretor médico da Santa Casa de Maceió, Artur Gomes Neto.

Processo

Para estar apto para o transplante, o paciente precisa ter insuficiência hepática comprovada pela escala MELD – Modelo para Doença Hepática Terminal, do inglês Model for End-Stage Liver Disease, que quantifica a urgência de transplante hepático em pacientes maiores de 12 anos.

“Nem todo paciente que tem cirrose necessita de transplante. Entre os pontos avaliados estão os níveis de bilirrubina, creatinina, INR e o nível do sódio. Isso vai nos dar um score que caracteriza se há indicação para o procedimento ou não. Fechado o diagnóstico de insuficiência hepática, também precisamos saber o tipo sanguíneo que esse paciente tem, pois é isso o que vai determinar qual receptor ele vai ser absorvido. Além disso, são solicitados todos os procedimentos pré-operatórios para pacientes de cirurgias de grande porte”, destacou Oscar Ferro.

Para o pleno funcionamento do programa, a família de pacientes com diagnóstico de morte encefálica confirmado tem papel fundamental. Mensagens por escrito deixadas pelo doador não são válidas para autorizar o procedimento. O processo de retirada de qualquer órgão só acontece após os familiares darem o aval da cirurgia, assinando um termo.

“O diagnóstico de morte encefálica é extremamente seguro. Se houver dúvidas, ele não é dado. O doador passa por uma avaliação neurológica e faz um exame complementar de imagem (doppler transcraniano) para fechar a análise”, explicou o cirurgião Felipe Augusto Oliveira.

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