O naufrágio que fez quatro pescadores sumirem no mar de Maceió, na noite de quarta-feira (18), e deixar três ainda desparecidos, aconteceu por volta das 20h. Um deles foi encontrado somente 24 horas depois, ou seja, na noite dessa quinta-feira (19), no Povoado de Lagoa Azeda, em Jequiá da Praia, interior de Alagoas. Ele disse que após o naufrágio saiu nadando da capital até Jequiá, onde foi localizado.
Ubirajara Silva dos Santos, de 27 anos, é um pescador esportivo, possui uma filha de dois anos, e estava se afogando quando foi localizado e socorrido. Ele contou como tudo aconteceu
"A gente estava perto do Pontal. Chegamos no ponto de pesca às sete da noite e, quando a gente parou, percebeu que a jangada do lado esquerdo estava baixando. O administrador resolveu voltar porque estava entrando água na jangada", disse o pescador
Ele falou das dificuldades de ficar à deriva no mar por vários dias. "Mais difícil foi o frio, mas pior foi a sede e a fome, porque você molha a garganta com água salgada, e ainda que você coloque para fora, o sal fica na língua. Chegou num momento em que meus olhos e minha língua pareciam que estavam com pimenta", continua.
Ele conta que se preocupou muito com o frio da noite. "Pelo dia fiquei boiando de barriga para cima e passei o dia todo assim. Fiquei assim para o Sol me aquecer porque sabia que a noite ia ser difícil. Me preocupei mais com a noite para que pelo dia, com a luz do dia, os helicópteros me encontrassem", prossegue
Durante a noite, ele disse que procurava se mexer, mergulhar e nadar “estilo cachorrinho” para se aquecer na água morna e não levar vento no rosto.
Quanto ao resgate, Ubirajara falou que quase desmaiou. "Eles me colocaram no barco. Quase desmaiei. Me deram peixe para comer, peixe cru, por causa da fome excessiva. A gente sempre saía para pescar, todas as semanas", relatou o pescador.
Ele também contou o que o motivou a continuar nadando. "A gente se preocupa com tudo, até com tubarão, mas o que motiva é a família que a gente tem em casa", disse.
Os outros pescadores
Todos os pescadores desaparecidos são de Maceió. Dois são do Clima Bom, incluindo o Ubirajara, e os outros dois são do Village Campestre.
Ubirajara fala que da última vez que viu os pescadores, eles estavam usando a embarcação já virada para se manter boiando. Um deles, Railton, é do Village e não sabe nadar. "A gente sempre saía para pescar, todas as semanas" diz o pescador resgatado.
O irmão gêmeo de Railton continuou com as buscas em conjunto com os outros pescadores da região.
José Valdir, de 38 anos, também do Village, é outro desaparecido. Segundo Ubirajara, o amigo pesca porque gosta, mas não trabalha com isso.
Três dos quatro pescadores ainda não foram localizados.
Fonte: Mariane Rodrigues e Imarlan Gabriel (Gazetaweb )
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