Moradores da Ilha de Paquetá, um dos bairros da cidade do Rio de Janeiro, já estão participando do primeiro teste preparatório do Censo Demográfico 2022. O teste começou hoje (6) e vai até o dia 24 deste mês.
Os recenseadores vão entrevistar moradores em quase 1,3 mil domicílios da localidade. O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Rios Neto, disse que o censo experimental é sempre realizado, como ocorreu em 2019 em Poços de Caldas. Mas com a suspensão do Censo 2020, por duas vezes, alguns processos de coleta foram alterados, em consequência da pandemia de covid-19 para diminuir o risco de contaminação da doença.
De acordo com o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, preliminarmente, nas outras edições o IBGE fazia um censo experimental com aplicação de questionário, mas não se compara ao que está sendo feito agora, quando, segundo o diretor, a operação inteira é testada. Ele contou que o objetivo em Paquetá é o IBGE se preparar para um novo tipo de abordagem ao informante, diferenciada, com distanciamento e proteção individual. No teste, serão avaliados os aplicativos e os sistemas desenvolvidos pelo IBGE para o Censo 2022, que tem o início da coleta previsto para o dia 1º de junho.
“Esse teste tem esse objetivo, treinar. A gente tem 12 entrevistadores que vão circular aqui e cerca de 30 observadores vão passar por aqui. Eu mesmo vou ser um deles. É começar a analisar o trabalho que está sendo feito, o que a gente pode melhorar”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Cimar Azeredo destacou esse teste marca o retorno das atividades de operações de campo preparatórias do Censo de 2022. Quando terminar essa etapa, o IBGE vai fazer uma avaliação para os ajustes necessários e começar, no dia 1º de novembro, os testes nos outros estados e no Distrito Federal. “A gente vai ter 27 localidades no Brasil fazendo o teste. Pode ser em bairro, em município e no Rio vai ter ainda no município de Paulo de Frontin [no centro-sul do estado]”, comentou.
Escolha do bairro
Conforme o IBGE, o bairro foi escolhido porque mais de 85% da sua população já receberam as duas doses da vacina contra o novo coronavírus, na campanha Paquetá Vacinada, realizada no dia 20 de junho pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio, com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para avaliar os efeitos da imunização em larga escala. Cimar Azeredo informou que durante as entrevistas domiciliares, os recenseadores terão que seguir todos protocolos sanitários incluindo o uso de máscara, protetor facial e álcool em gel. Ele acrescentou que o critério de localidades mais avançadas na imunização favoreceu a escolha dos lugares de realização dos testes.
“Esse critério está sendo levado em conta, mas também a gente estará dois meses à frente. Daqui a dois meses, a gente acredita que a vacinação no país vai ter avançado de forma efetiva. Isso também vai colaborar bastante, mas em todos esses lugares, a despeito de estar vacinado ou não, nós somos obrigados a manter todos os cuidados com os EPIs [equipamentos de proteção individual] não só para a vida do informante, mas para a própria proteção do entrevistador, que tem que seguir protocolos com 1,5m de distância, usar máscara e face shield (protetor facial), álcool em gel”, apontou.
No teste, será aplicado um modelo híbrido de coleta de informações. Além do presencial, em que o recenseador vai aos domicílios, os dados podem ser passados para o IBGE por meio da internet ou por telefone. A escolha vai ser informada a um recenseador que irá no domicílio. “Ele vai chegar e dar a opção para o morador fazer a entrevista presencial, por telefone ou entregar um código para que ele possa fazer isso pela internet. Isso prepara o IBGE para este tipo de operação”, afirmou, acrescentando que a população de Paquetá está bastante mobilizada e participativa.
“A operação Paquetá Vacinada mobilizou a população da ilha e o apoio que a Secretaria Municipal de Saúde deu ao IBGE está sendo fundamental para fazer o teste do censo aqui”, completou.
Para Cimar Azeredo, a inclusão da pesquisa por telefone na PNAD Covid desenvolvida pelo IBGE para identificar os efeitos da pandemia na economia brasileira abriu as portas para o modelo que está sendo empregado agora. “Principalmente na abordagem. É uma experiência a ser considerada. É fundamental”.
Identificação
Os recenseadores vão vestir colete e crachá de identificação do IBGE com os seus nomes. Assim, os moradores visitados poderão confirmar as identidades pelo site respondendo.ibge.gov.br ou pelo telefone 0800-721-8181, das 8 às 20 horas, que funciona todos os dias. O sigilo das informações prestadas ao IBGE é garantido por lei.
Entorno
Antes de começar o teste hoje, o IBGE fez nos dias 1º e 2 deste mês uma pesquisa para observar as características de infraestrutura urbana da localidade e levantar, entre outros pontos, as condições de pavimentação das ruas, existência de calçadas, de iluminação pública, ciclovia, pontos de ônibus e arborização. “Junto com as informações domiciliares e da população a gente tem um quadro completo das cidades brasileiras e bairros. É uma informação a mais que o Censo gera. Em 2010 foi a primeira vez e agora, o IBGE está fazendo novamente no Censo 2022”, informou à Agência Brasil o diretor de Geociências do IBGE, Cláudio Stenner.
Informática
O diretor de Informática do IBGE, Carlos Cotovio, destacou que o Censo 2022 vai ser o primeiro totalmente online. Nesta edição, o recenseador colherá a informação do domicílio e pode transmitir diretamente à Central do IBGE. “Antigamente era necessário o recenseador ir até um posto de coleta e fazer o upload [transferência] das informações. Hoje ele pode fazer isso também, mas pode fazer imediatamente após a coleta das informações. Todos os dispositivos móveis de coleta possuem chip e é possível efetuar o upload logo após o preenchimento do questionário. Isso facilita e agiliza porque as informações vão mais rapidamente para a central e facilita porque quando os recenseadores chegam ao mesmo tempo no posto de coleta, isso sobrecarrega o sistema e nossos links de comunicação”, destacou.
O diretor acrescentou que nos locais onde não houver o sinal de internet para a passagem imediata dos dados, assim que ele chegar em um lugar em que tiver wifi poderá completar o upload. “Essa, eu diria, é a maior diferença do último Censo, que já era feito com dispositivo móvel, usando smartphone, só que o upload só acontecia no posto de coleta”, concluiu.
Fonte: Agência Brasil
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