O influenciador alagoano Carlinhos Maia usou os stories do Instagram na noite desta terça-feira (10) para criticar a decisão de uma comissão da Câmara dos Deputados de aprovar um projeto que tem o objetivo de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
"No país que a gente vive, com o tanto de gente passando fome, com tanta miséria, com educação péssima, com a saúde ridícula, esses homens preocupados com quem vai casar com quem", disse Carlinhos. "Fica a minha indignação por ter um país com tantas coisas a serem pautadas, a serem votadas, a serem cuidadas".
Carlinhos é casado com o também influenciador Lucas Guimarães, com quem tem um relacionamento há 14 anos. Eles oficializaram a união em maio de 2019, em uma cerimônia transmitida ao vivo para 2,7 milhões de pessoas. Os dois compartilham a rotina do casal nas redes sociais.
"Vocês me acompanham [com] o Lucas e acho que vocês entendem que não há nada de anormal nisso. Eu já casei, eles não podem cancelar isso, mas eu fico triste por tantos e tantos homens incríveis que assumem ser o que são e têm esse direito negado, de morar e manter uma família e de salvar tantas crianças que tantos héteros deixam para trás", disse Carlinhos.
Nos vídeos publicados nos stories do Instagram, Carlinhos ainda questionou sobre a justificativa ligada à religião, usada por alguns parlamentares que votaram a favor do projeto. "Eles usam o nome de Deus para tudo. Sempre para diminuir, limitar, prender, chicotear, julgar e mandar para o inferno. Que Deus é esse que o povo usa para destruir os outros? Não é o mesmo Deus que eu sinto no meu coração"
Enquanto fazia suas críticas, Carlinhos recebeu um desabafo doloroso de um seguidor. No texto, o seguidor diz que tem 40 anos e que não vive direito "por medo de uma suposta condenação". "Olha a dor nas palavras desse rapaz. Quarenta anos e não viveu com medo de uma condenação e das pessoas", disse o influenciador ao mostrar a mensagem.
"Eu acredito que isso vai ser quebrado e a gente não vai regredir, não. Não é possível que a gente vá regredir tanto em um país como o Brasil", disse Carlinhos. "Isso nem é sobre política. É sobre existência, isso é sobre essência, é sobre ter a coragem de ser o que se é. E ponto".
Projeto passará por outras comissões antes de ser votado em plenário
O projeto foi apresentado em 2007 e desengavetado em 2023. A retomada é patrocinada por parlamentares de oposição ao governo e ligados à bancada evangélica. O texto ainda terá de ser analisado por duas comissões e pelos plenários de Câmara e Senado.
Os casamentos homoafetivos não estão regulamentados em lei. A base jurídica para a oficialização dos casamentos homoafetivos é uma decisão do STF de 2011. Dois anos depois, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou resolução para obrigar a celebração de casamentos homoafetivos em cartórios.
Desde a resolução do CNJ, o número de casamentos homoafetivos cresceu quase quatro vezes no Brasil. Os registros saltaram de 3.700 em 2013 para quase 13 mil em 2022.
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