O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, reagiu após a ministra da Saúde, Nísia Trindade, revogar seis portarias assinadas no governo Bolsonaro. Entre elas, está uma que previa a necessidade de o médico avisar à polícia em caso de aborto por estupro.
"A Igreja Católica não é a favor do aborto! Não é, nunca foi e nunca será a favor do aborto."
Medida foi criada durante a gestão de Eduardo Pazuello - Na época, o Ministério da Saúde recuou em alguns pontos, como a exigência de que médicos informassem à gestante a possibilidade de ver o feto em ultrassonografia, por exemplo. No entanto, o aviso às autoridades policiais foi mantido.
Embora a palavra "obrigatória" tenha sido retirada após a repercussão negativa, a portaria dizia que o médico e os demais profissionais de saúde, em casos com indícios ou confirmação do crime de estupro, deveriam comunicar o fato à autoridade policial responsável.
Risco à mulher - A medida feria a previsão de sigilo em atendimentos e trazia o risco de levar a mulher ao aborto ilegal, avaliaram especialistas em 2020.
A interrupção da gravidez é permitida em três situações no país:
quando a gravidez é resultado de violência sexual;
se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
em casos de fetos com anencefalia.
Após a revogação de portaria - Voltaram a vigorar medidas previstas numa portaria de 2017 sobre o tema, que já estabelecia uma série de procedimentos para justificar e autorizar a interrupção da gravidez, mas não falava sobre a necessidade de comunicação à polícia.
Nísia já havia adiantado que medidas que ofendem a ciência, os direitos humanos e direitos sexuais reprodutivos seriam revogados.
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