Foi com promessas de “casa própria por menos de R$ 1,00”, que o influenciador digital Itallo Bruno Nunes e Silva fez sua fortuna. Ele oferecia as rifas por centavos, com prêmios muito caros, como mansões e carros na garagem. A polícia investiga os sorteios, que poderiam ser uma fachada para lavar dinheiro de uma organização criminosa.
Em reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 14, o delegado-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Piauí, Humberto Mácola, afirmou que a rifa é um jogo de azar, e caracteriza uma contravenção penal, caso não siga critérios e padrões de auditoria e supervisão. É preciso comprovar que a rifa acontecia de maneira regular.
O criador das rifas era o ex-motoboy Itallo Bruno, de 24 anos. Ele foi preso em Teresina na última quinta-feira, 11, em uma das casas que seriam dele. O apartamento fica em um bairro nobre da capital do Piauí.
O ex-motoboy aparecia nas redes sociais fazendo manobras radicais com uma moto, e promovia as rifas baratas. A polícia aponta que, nos últimos seis meses, ele movimentou R$ 5 milhões, gastos com artigos de luxo e ostentação.
A casa no condomínio de luxo, comprada há três meses, custou R$ 1 milhão. A polícia diz que Itallo pagou R$ 400 mil em dinheiro vivo e fez dois PIX de R$ 300 mil, conforme mostrou o Fantástico.
Segundo o delegado Humberto Mácola, o valor do patrimônio de Itallo foi levantado com a venda de rifas de lote de R$ 0,20, o que foi considerado suspeito.
Um dos ganhadores relatou ao Fantástico que havia sido sorteado para receber seis motos, avaliadas em R$ 100 mil. Mas na hora de pagar o prêmio, Itallo ofereceu uma moto e um valor em dinheiro. Ele ficou com as outras cinco motos para fazer outras rifas. A investigação descobriu que essa era uma prática comum: pagar um prêmio menor do que o prometido.
A polícia investiga se outros ganhadores receberam seus prêmios, e desconfia que Itallo tenha usado o esquema para lavar dinheiro de uma facção criminosa que atua no tráfico de drogas. De acordo com a polícia, foram identificadas transações para pessoas ligadas à facção.
Um dos chefes da organização criminosa que atua no Piauí e no Maranhão é Paulo Henrique de Moura, conhecido como “Pom-Pom”. Em trocas de mensagens, ele e Itallo falavam sobre o esquema.
Itallo Bruno permanece preso e irá responder por prática de jogos de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A pena pode chegar a 18 anos de prisão pelos crimes somados. A defesa dele nega que o influenciador participe de facções criminosas e lavagem de dinheiro.
O Ministério Público do Piauí foi contra a prisão e afirma que ainda falta comprovar a participação dele em organização criminosa.
Advogados de Paulo Henrique de Moura dizem que ele não tem qualquer relação com a investigação sobre Itallo Bruno e não é integrante de facção criminosa.
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