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12/07/2024 14:17
Brasil

Jovem é perseguida e importunada sexualmente nas redes sociais por motorista de app

Homem enviou imagens se masturbando à vítima pela rede social após a corrida realizada em Santos (SP)
Motorista de app envia vídeo se masturbando para passageiro meses depois de começar a segui-la após a corrida / Foto: Arquivo Pessoal
Redação com G1

Uma jovem, de 21 anos, afirma ter sido perseguida e importunada sexualmente por um motorista de aplicativo após uma corrida em Santos (SP). A moradora de Guarujá, que preferiu não se identificar, contou ao g1, nesta sexta-feira (12), que o homem passou a elogiá-la em uma rede social e a mandar um vídeo se masturbando, o que a motivou a denunciar o caso à polícia.

 

A perseguição, de acordo com a mulher, que trabalha como professora, começou após a corrida por aplicativo realizada na manhã de 8 de dezembro. Na ocasião, a jovem saiu da Ponta da Praia com destino à Avenida Conselheiro Nébias e, durante o trajeto, o motorista foi simpático.

 

O motorista a perguntou o que gostava de fazer e ela foi respondendo, pois não havia percebido maldade. Ainda na conversa, o homem teria contado que tinha sido traído pela ex-namorada e que estava desanimado.

"Eu falei que ele deveria procurar uma ajuda espiritual, uma igreja, um terreiro [de umbanda], um lugar que ele se sentisse bem. Ele se interessou quando falei do terreiro. Contei que sou umbandista e indiquei um para ele que era em Santos", disse. 

A jovem contou que, na ocasião, indicou um terreiro diferente do que ela costuma ir, mas que sabia que era um bom local, pois é frequentado pela tia dela. "Ele pediu o meu Instagram para que eu passasse o endereço [do terreiro] para ele".

A professora contou que tinha chegado em frente ao trabalho dela e estava pronta para descer do carro, mas que o motorista não parava de falar e puxar assunto. "Eu estava incomodada. Não sabia como cortar sem ser mal educada".

 

No mesmo dia, à noite, o motorista encaminhou uma mensagem no Instagram da jovem a elogiando e dizendo que era o fã 'número 1' da mulher. Ela contou que só no dia seguinte agradeceu o elogio e mandou o endereço do terreiro que havia comentado.

Depois disso se tornaram frequentes as reações dele nos stories da jovem e até mesmo comentários em publicações antigas, mas ela disse que ignorava tudo e não respondeu mais nenhuma mensagem enviada por ele. "Permaneci quieta. Estava me incomodando, mas não respondi para não dar brecha".

 

Na última segunda-feira (8), ao acordar, a professora viu que havia recebido uma mensagem do motorista no Instagram durante a madrugada. "Quando vi não acreditei no que li. Ele dizia que via minhas fotos, sentia tesão em ver e que acabava se masturbando quando via minhas coisas".

Além da mensagem, o motorista enviou um vídeo se masturbando para a jovem, que não o respondeu e contou a situação para o namorado. O rapaz pegou o celular da vítima e respondeu o homem. Em seguida, ela fez uma denúncia no 180 -- Central de Atendimento à Mulher.

"Não sou o tipo de pessoa que se expõe, que mostra o corpo e, mesmo se fosse, ele não tem o direito de mandar esse tipo de coisa para mim, mandando um vídeo explícito dele se masturbando", disse.

Nojo e medo

Como a corrida no aplicativo havia ocorrido em dezembro, a jovem não conseguiu ter acesso à placa do motorista pelo aplicativo da Uber, mas enviou uma denúncia à empresa e foi até a delegacia registrar o caso.

"Fiquei sentindo nojo e pensando se eu estava fazendo alguma coisa, se dei liberdade a esse ponto, sendo que nenhuma das mensagens dele eu respondi. Às vezes, a gente acaba se culpando por essas atitudes sendo que não é nossa culpa", afirmou.

 

A professora ficou mais assustada após uma amiga da prima dizer que o mesmo motorista já havia perseguido a filha e namorada dela há um tempo. "Fiquei com esse receio, o que poderia ter acontecido comigo?".

Ela disse que não aceitou ir ao terreiro com o homem, mas algumas mulheres são ingênuas e acabam aceitando. "Para onde ele iria me levar? O que ele iria fazer? Porque isso me deixou com medo, tem gente que não fala, tem gente que é muito inocente, tem gente que aceita e não vê a maldade".

 

SSP-SP e Uber

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) confirmou o registro do caso como perseguição e importunação sexual na Delegacia do Guarujá, mas afirmou que detalhes serão preservados devido à natureza da ocorrência.

Em nota, a Uber disse que considera inaceitável qualquer comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência. O motorista teve a conta desativada da plataforma.

A empresa disse, ainda, que se coloca disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações, nos termos da lei, e que conta com um canal de suporte psicológico, em parceria com o MeToo, que foi disponibilizado à usuária após o incidente ter sido relatado.

 

 

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