O apresentador Marcos Mion criticou uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre pessoas com deficiência intelectual. O titular do Caldeirão se referia a uma fala do petista durante reunião com ministros e governadores sobre os ataques a escolas no País, na qual o chefe do Executivo afirmou que pessoas com "deficiência mental" têm "problemas de desequilíbrio de parafuso".
"A OMS [Organização Mundial de Saúde] sempre afirmou que na humanidade deve ter cerca de 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, se pegar 15% disso, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problemas de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça", declarou Lula.
Em vídeo publicado no Instagram, Mion disse que esse discurso do presidente é capacitista e explicou que é errado usar o termo "deficiência mental".
"Essa fala chocou todo mundo e foi considerada capacitista, que é um crime, por especialistas e por pessoas da comunidade atingida", disse o apresentador. "O termo usado há muito anos é deficiência intelectual e não deficiência mental, como Lula usou. A gente tem que se policiar, aprender e se adequar. Ele ainda se refere às pessoas dizendo que elas têm 'problemas de desequilíbrio de parafuso', isso não só é muito pejorativo, quanto incentiva outras pessoas que continuem usando esses termos, que precisam ficar no passado", acrescentou.
Mion, que é pai de Romeo, jovem de 17 anos diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista, ainda pontuou que a declaração, de forma irresponsável, relaciona pessoas com deficiência intelectual aos casos de violência nas escolas.
"Isso é um absurdo, não existe comprovação nenhuma sobre isso. Como pai de um autista, eu me sinto atingido. E falo como parte da comunidade autista, que lutamos contra todos os preconceitos, contra o capacitismo, 24 horas por dia. É um trabalho incansável de gerar informação e conteúdo para, quem sabe, um dia, elevar a conscientização a um nível tão alto que vai existir apenas empatia e respeito", afirmou.
O apresentador também pediu que as pessoas se comprometam a ouvir, aprender e a mudar as suas atitudes sobre o assunto.
"Não adianta nada eu e milhares de perfis seguirmos postando conteúdo se quem está do outro lado escuta e joga fora tudo que ouviu. É preciso que cada um se comprometa também a mudar, ouvir, aprender e nos ajudar a passar isso adiante. E incluo o presidente Lula nisso. Antes de se propor a falar por todos, o candidato a presidente deve conhecer e respeitar a todos. O mesmo vale para todas as autoridades que nos representam."
"Quero ainda deixar claro que essa luta pela conscientização do autismo, pelo fim do preconceito, pelos direitos, não tem partido. A gente luta por respeito contra qualquer um, sem partidos envolvidos. É só o amor e o desejo por um mundo melhor, mais inclusivo e mais acessível. Isso é o futuro", finalizou.
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