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23/02/2021 10:10
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Mulher dá à luz durante coma induzido por Covid: 'Não me recordava"

Danúbia conheceu Maria Luiza por vídeochamada logo após acordar na UTI. Caso ocorreu em outubro, mas foi contado pela mãe neste mês ao fazer postagem agradecendo equipe médica.
Danúbia e a filha Maria Luiza só puderam se conhecer pessoalmente 19 dias após o parto; a mãe estava em coma com Covid-19 em SC / Foto: Samara Duarte

Danúbia Leida, de 38 anos, só conheceu a filha recém nascida 17 dias após o parto e por vídeo chamada. A advogada de Maravilha, no Oeste catarinense, ficou sedada na unidade de terapia intensiva (UTI) por causa de complicações da Covid-19. O caso ocorreu em outubro do ano passado, mas ganhou repercussão este mês após uma publicação da mãe agradecendo aos profissionais de saúde que cuidaram dela e da filha.

"Quando acordei do coma, a primeira coisa que fiz foi colocar a mão na minha barriga. Eu não sabia onde estava, não sabia o que tinha acontecido e pensei que tinha perdido o bebê. Não me recordava da cesárea. Depois que saí literalmente do coma, foi feito uma vídeochamada e pude vê-la [a filha]", relembra.

Passado o pior, mãe e filha puderam se conhecer pessoalmente 19 dias depois do nascimento. Agora, a menina de quatro meses e Danúbia estão bem, mas sempre que pode, a catarinense alerta amigos, parentes e familiares sobre o perigo da Covid.

Além de agradecer os profissionais de saúde, Danúbia também destacou a importância da prevenção contra a doença. Hoje ela ainda precisa de cuidados por causa de uma trombose pulmonar, desenvolvida após contrair a doença.

"Hoje, em meio a esses números assustadores, tenho medo, fico imaginando passar por tudo novamente, ou ter familiares, parentes, amigos nessa situação, muito pior do que a minha época", disse ela na publicação.

Antes, em novembro, ela já tinha voltado aos hospital para prestar uma homenagem aos profissionais que cuidaram da família e agradecer pessoalmente.

"Eu também não acreditava, nem levada a sério a doença. Tem que se cuidar, a vacina está aí. Temos que usar máscara e álcool em gel. A gente só acredita na realidade e na gravidade da doença quando tem um doente na família", alerta.

Gravidez e internação por Covid-19

A família não planejava a chegada de Maria Luiza. Danúbia descobriu a gravidez no início do ano passado. Apesar da pandemia de Covid-19, a gestação foi tranquila, segundo ela. Mas no fim de setembro as coisas mudaram quando ela, o marido e a filha mais velha contraíram a doença.

"A princípio, eu não tinha sintomas muito fortes, mas uns dias antes de acabar o isolamento, comecei a apresentar uma piora no quadro. Mas todas as vezes que eu ia ao centro de triagem, meu exame dava negativo, ficava em observação e voltava para casa. No dia 6 de outubro eu piorei bastante, tive falta de ar. O raio-x mostrou que o meu pulmão estava bem comprometido", relembra.

A advogada disse que assim que foi constatada a sua situação, foi realizada uma transferência às pressas para um hospital de Chapecó, também no Oeste. No local, Danúbia piorou novamente e teve quer ser intubada e sedada. Foi então que a equipe médica, com a autorização do marido, resolveu fazer a cesárea. Maria Luiza estava com 35 semanas, ou seja, 8 meses.

"O que eu sei, é que fizeram uma chamada de vídeo com ele [marido] e resolveram fazer o parto. Tudo ocorreu de forma tranquila. Apesar de eu não me lembrar, são as histórias que as pessoas me contam", diz ela.
A bebê ficou poucos dias no hospital acompanhada pelo pai. "O pai que se virou, foi ele a primeira mãe da Maria", disse Danúbia.

Saindo do coma

Após o parto, Danúbia foi mantida em coma induzido até apresentar melhora, 17 dias depois. As primeiras informações que recebeu foram das enfermeiras que tentavam tranquilizar a mãe. A advogada só acreditou que tudo havia ocorrido bem, após as profissionais mostrarem fotos da criança.

A alta médica da paciente, que ocorreu no dia 25 de outubro, e foi comemorada na UTI. Com balões e muita emoção Danúbia agradeceu os profissionais.

"Quando eu sai da UTI, não consegui caminhar nem elevar o braço para me alimentar. Meu marido cuidou de mim. Outras sequelas eu não tive. Mas tem o pós Covid-19. Tem a fisioterapia e remédios. Eu desenvolvi trombose pulmonar, em virtude da Covid e tenho que fazer acompanhamento médico, mas estamos passando por esta fase", disse.

No mesmo dia da alta hospitalar, o reencontro entre mãe e filha aconteceu, 19 dias após o parto. Muito emocionada e junto da família, Danúbia pôde, enfim, estar junto com a pequena Maria Luiza. A família comemorou reunida o Natal. "Deus nos permitiu estarmos juntos", disse a mãe.

Gratidão

Antes de manifestar publicamente em redes sociais neste mês a gratidão que sentia pelos profissionais da saúde, Danúbia retornou ao hospital. No dia 7 de novembro, ela foi agradecer aos enfermeiros que cuidaram dela nos 20 dias que ficou internada e para a enfermeira que cuidou da filha.

"Foi muito gratificante reencontrá-los. Tenho uma amizade muito forte com vários. Voltei para levar uma lembrancinha para eles. A gente reconhece mais pela voz, porque só conseguimos ver os olhos. Foi muito emocionante", conclui.

Fonte: G1
 

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