Os metroviários de São Paulo decidiram não estender a greve de 24 horas, deflagrada à meia-noite desta terça-feira (3).
Os trabalhadores do metrô paulistano cruzaram os braços nesta terça, junto com os da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para tentar força o governo estadual a recuar em projetos de privatização.
CPTM e Sabesp já haviam decidido não alongar a greve. Os três serviços voltam a funcionar nesta quarta-feira (4) no horário normal, após um dia de muito transtorno, principalmente no transporte público.
O fim da greve foi aprovado por 2.231 pessoas, 79% das 2.952 que votaram na noite desta terça, na sede Sindicato dos Metroviários, na zona leste de São Paulo.
Os metroviários fizeram uma assembleia individualizada, sem os sindicatos de CPTM e Sabesp, ao contrário do que ocorreu na noite de segunda (2), porque também tentam forçar o governo Tarcísio de Freias (Republicanos) a interromper processos de terceirização de mão de obra nas estações e no pátio Oratório, da linha 15-prata, do monotrilho.
Em seu discurso, a presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, classificou a terça-feira como um dia histórico. "Nós demos uma demonstração de força", afirmou.
"A greve de hoje [terça] é uma greve da qual nossa categoria está saindo muito satisfeita, porque conseguiu mostrar as mentiras do governador e o impacto das privatizações", disse.
Durante a votação, ela chegou a dizer que se o governo não quisesse uma nova greve, deveria retirar os editais de terceirização.
Os metroviários até colocaram em votação a chance de uma paralisação na próxima terça-feira (10), mas 1.161 pessoas foram contra, segundo o sindicato.
Por isso, no final, Lisboa descartou nova greve na semana que vem. Afirmou, entretanto, que o plebiscito que os sindicatos realizam sobre as privatizações seguirá aberto até novembro.
Após a decisão, a presidente disse que o turno da noite já começaria a trabalhar e que os trens voltam a rodar às 4h40 desta quarta, no horário de abertura do Metrô.
O governo de São Paulo classificou a greve como ilegal e não pretende recuar nos estudos de concessão.
Ainda no início da votação, a diretoria do sindicato informou na assembleia, sem mencionar o valor, que a Justiça do Trabalho havia aumentado a multa aos metroviários no caso de descumprimento de colocar 100% da frota em operação nos horários de pico e de 80% nos demais, se a paralisação continuasse.
Caso a greve dos funcionários do metrô se prolongasse até esta quarta, a multa imposta aos metroviários subiria para R$ 2 milhões.
No último dia 29, o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) determinou que, no dia da greve, os funcionários do Metrô teriam de manter 100% da operação nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 80% nos demais horários. Em sua decisão, o desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira havia estabelecido multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento dos termos.
Nesta terça, contudo, atendendo a um pedido do Metrô, o juiz proferiu nova decisão e determinou que, caso a paralisação se estenda até esta quarta e os metroviários não estejam operando com os efetivos exigidos (100% em horário de pico e 80% no restante), a multa será ampliada para R$ 2 milhões.
Segundo Oliveira, a decisão ocorre "em razão do efetivo descumprimento da ordem judicial", "em evidente desprestígio ao Poder Judiciário", e "considerando a hipotética prorrogação do movimento paredista para o dia 4 de outubro de 2023".
Lisboa disse que o sindicato vai recorrer das multas e, principalmente, da decisão que obrigava a operação com 100% do efetivo.
"Se eles [sindicatos] não respeitam nem os cidadãos, nem a Justiça, vão respeitar quem?", questionou Tarcísio, nesta terça.
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