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24/03/2021 09:49
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Sem emprego, garçom pedala 60 km por dia para fazer entregas

Durante a pandemia, jovem da Grande BH perdeu o salário mensal de R$ 2.200 e passou a ganhar R$ 150 por semana com os apps
Samuel Pires fez curso de cuidador de idosos, mas ainda não conseguiu vaga na área / Foto: SAMUEL PIRES, GARÇOM, BH, ENTREGADOR

 Nos pés, um tênis rasgado. Nas costas, uma mochila com o anúncio: "sou cuidador de idosos e preciso trabalhar". Enquanto espera uma oportunidade melhor, Samuel Pires ganha a vida fazendo entregas em cima de uma bicicleta velha, com o assento remendado e uma série de gambiarras para amarrar as rodas e a corrente. A bicicleta já foi motorizada, mas o motor não funciona mais e ele tem que pedalar - quando dá.

— Às vezes, ela quebra e eu completo o caminho a pé. Quando chega em casa, eu faço outro remendo.

Nesta quarta-feira (24) Pires completa 30 anos. Durante um terço de sua vida, ele foi garçom. Perdeu o emprego no ano passado em função da pandemia de covid-19. A primeira opção foi fazer um curso de cuidador de idosos, mas não conseguiu vaga na área.

Para sobreviver e sustentar a família - esposa e três filhos - ele fez um apelo em redes sociais e ganhou a bicicleta na qual trabalha e começou a fazer entregas. Antes, a renda chegava a R$ 2.200 por mês. Hoje, ele ganha R$ 150 por semana, suficiente apenas para levar comida para casa.

— Meu aluguel está atrasado, mas ou eu como ou pago o aluguel.

O jovem mora em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, e faz as entregas na Savassi, movimentada área da região Centro-Sul da capital mineira. São duas horas e meia pedalando para vencer os trinta quilômetros que separam a casa dele do local de trabalho. O expediente é na hora do almoço, de 11h às 14h. Na volta, mais duas horas e meia pedalando para chegar em casa.

De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel), o setor fechou 30 mil vagas desde o início da pandemia só em Belo Horizonte. No dia do seu aniversário, o que Pires mais deseja é sair desta estatística, conseguir um emprego e retomar a vida que tinha antes.

— Dava para viver bem. De repente, mudou tudo.

Fonte: R7

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