Médicos em todo o mundo começam a se convencer de que algumas pessoas recuperadas da covid-19 podem se tornar diabéticas.
Um dos principais estudiosos do assunto é Francesco Rubino, do King's College London, no Reino Unido. Na avaliação dele, determinados pacientes que tiveram a infecção pelo novo coronavírus estão desenvolvendo diabetes a partir "do zero".
Ou seja, esses indivíduos tinham histórico negativo de diabetes e um histórico de nível normal de hemoglobina glicada antes da doença.
Em uma carta para o editor publicada no The New England Journal of Medicine, em agosto, Rubino destaca que que a infecção viral têm potencial para desencadear diabetes.
Segundo ele, na primeira epidemia de SARS (um coronavírus semelhante ao causador da covid), em 2003, na China, foi observado que alguns pacientes recuperados apresentavam maior incidência de glicemia em jejum e diabetes de início agudo.
"Essas observações fornecem suporte para a hipótese de um efeito diabetogênico potencial da covid-19, além da resposta ao estresse bem conhecida associada a doenças graves. No entanto, não está claro se as alterações do metabolismo da glicose que ocorrem com um início súbito em [pacientes com] covid-19 grave persistem ou remitem quando a infecção é resolvida."
A agência de notícias Reuters noticiou recentemente o caso de Mario Buelna, de 28 anos, que foi diagnosticado com covid-19 em junho. Após o que parecia ter sido uma recuperação, sentiu-se fraco, começou a vomitar e desmaiou em casa.
Levado para o hospital, Buelna chegou a ser levado para a UTI, em coma. Ao sair de lá, recebeu o diagnóstico de diabetes tipo 1, sem que ele tivesse qualquer histórico da doença.
Uma equipe coordenada pelo médico Francesco Rubino cirou o projeto CoviDIAB (covidiab.e-dendrite.com), plataforma destinada a ter um registro global de pacientes com diabetes possivelmente relacionado à covid-19.
"O objetivo do registro é estabelecer a extensão e o fenótipo do diabetes de início recente que é definido por hiperglicemia, covid-19 confirmada, um histórico negativo de diabetes e um histórico de nível normal de hemoglobina glicada. O registro, que será expandido para incluir pacientes com diabetes preexistente que apresentam distúrbio metabólico agudo grave, também pode ser usado para investigar as características epidemiológicas e patogênese do diabetes relacionado à covid-19 e para obter pistas sobre o tratamento adequado para pacientes durante e após o curso de covid-19."
Dentre as questões que o grupo pretende responder, estão: "Qual é a frequência do fenômeno de diabetes de início recente, e é o diabetes tipo 1 clássico ou tipo 2 ou um novo tipo de diabetes? Esses pacientes permanecem em maior risco de diabetes ou cetoacidose diabética? Em pacientes com diabetes preexistente, a covid-19 muda a fisiopatologia subjacente e a história natural da doença?".
Fonte: R7
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