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15/07/2024 09:30
Saúde

Médicos especialistas alertam sobre os perigos da exposição excessiva ao mundo virtual

Os males consequentes do uso excessivo de telas atingem o físico e o psicológico de crianças
/ Foto: Priscilla Melo/DP
Redação com Diário de Pernambuco

Após a pandemia de Covid e o isolamento social, ficou ainda mais forte a relação entre crianças e adolescentes com telas, uma vez que a tecnologia está presente no trabalho, no entretenimento e nos estudos.

É importante observar também que, nessas fases da vida, exista pouco interesse pelas interações pessoais diretas.

Em períodos como o mês de julho, com férias escolares, é comum que a exposição às telas cresça em função do tempo livre em casa.

Diante desse contexto, é preciso que os pais e responsáveis fiquem atentos ao uso deliberado de telas e seus perigos para a saúde e para o desenvolvimento das crianças e adolescentes.

O psicólogo da Hapvida NotreDame Intermédica, Carol Costa Júnior, alerta para os riscos associados ao tempo excessivo em frente às telas.

“O uso prolongado de dispositivos eletrônicos pode causar problemas como sedentarismo, obesidade, distúrbios do sono, ansiedade, dificuldades de concentração, irritabilidade e isolamento social. É importante que os pais estabeleçam limites claros e incentivem outras formas de entretenimento e aprendizado”, afirma.

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que em 72% das crianças avaliadas foi constatado um aumento da depressão associado ao uso excessivo de telas.

Procurada pela equipe de reportagem do Diario, a psicopedagoga Kátia Guerra falou sobre como a relação entre infância e telas tem se desenvolvido.

“Estudos atuais apontam que as crianças e adolescentes estão apresentando sintomas de falta de pertencimento, abandono, frustração, ansiedade exagerada e sentimentos de raiva, além de falta de comprometimento das tarefas propostas pela escola e pais em rotinas em casa, levando para alguns transtornos diversos e compulsivos de modo geral”, pontua a psicóloga

“Recomendo não exagerar nas tecnologias, além de trazer essa exposição exagerada, também traz dificuldades de concentração e foco em outras atividades da vida, dificuldades de aprendizagem, prejuízos cognitivos, linguagem, desempenho acadêmico [...] As telas em excesso afetam o sistema de recompensa, exposições em jogos eletrônicos e redes sociais por muito tempo podem levar crianças e adolescentes ao vício, devido à liberação de uma quantidade importante de dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. O excesso dessa produção os leva a comportamentos viciantes, buscando cada vez mais essa produção e fazendo com que esses adolescentes e crianças deixem de fazer outras atividades importantes para seu desenvolvimento saudável”, conclui a profissional.

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças com menos de 2 anos não tenham contato com aparelhos eletrônicos. Na faixa entre 2 e 5 anos, o uso deve ser limitado a uma hora por dia e, entre 5 e 10, no máximo a duas horas. Para adolescentes, a exposição diária não deve passar de três horas nesses equipamentos.

Katia Machado, Oftalmopediatra do Instituto de Olhos Fernando Ventura, falou com exclusividade ao Diario sobre os riscos à saúde ocular promovidos pelo uso excessivo de telas

“As telas maiores, como tv e computador podem provocar ressecamento ocular, ofuscamento e dores de cabeça se utilizados em excesso. Porque quando nós nos concentramos, diminuímos a frequência do piscado, e com isso podemos ter ressecamento ocular”, explica a profissional da saúde.

“O celular e o tablet, como a tela é pequena e a distância de utilização é curta, pode estimular o crescimento do globo ocular em crianças e adolescentes, levando ao aparecimento de miopia ou uma evolução mais rápida do aumento do grau. Não adianta diminuir o brilho das telas, pois o que interfere é o tamanho da imagem (muito pequena) e a distância que usa do rosto (muito próximo)”, complementa.

Foto: Priscilla Melo/DP

Alternativas

É importante pensar em como tomar os devidos cuidados para quebrar o ciclo de consumo excessivo de telas nas crianças e jovens.

A neuropsicóloga Kátia Guerra ainda salientou a importância dos responsáveis serem agentes ativos no contexto.

“Atualmente foi sancionada a LEI 14.826/24, sobre a Parentalidade Positiva e o direito do Brincar e lazer para que a infância possa ter espaço para seu desenvolvimento saudável, neste sentido a cautela por excesso de telas se faz importante para garantir o desenvolvimento saudável dos seus filhos.”, explicou.

“Recomendo inicialmente espaço de diálogos, conexão para interpretar as emoções e ansiedade entre seus filhos, espaços com ambientes seguros, brincadeiras, tempo para fazer coisas simples como caminhar em parque, fazer comidas juntos, espaços para ouvir músicas e dançar em família, promoção de ambiente com encorajamento e validação e afeto, em que sejam sem usos de tecnologias, para criar memórias afetivas e ativação positiva do sistema de recompensa.”, finalizou.

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