Pessoas com câncer esperam até um ano para iniciar tratamento pelo SUS em AL

O tempo de espera entre o diagnóstico do câncer e o início do tratamento (cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia) em Alagoas frequentemente ultrapassa 60 meses, o que descumpre o prazo máximo de 60 dias estabelecido por lei federal para que pessoas com câncer iniciem o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Somente em Maceió, 243 pessoas aguardam há mais de 60 dias para começar o tratamento do câncer, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Os números foram apresentados à Defensoria Pública Estadual em reunião na segunda-feira (25).

A presidente da Associação De Pessoa Com Câncer (Apecan), Giullyane Matos, afirma que os pacientes oncológicos em Alagoas têm dificuldades desde conseguir marcar a primeira consulta com o oncologista até fazer exames e o tratamento.

"As pacientes trazem muito essa queixa. Principalmente da primeira consulta com o oncologista, a gente está vendo essa dificuldade, que acontecia de 2 a 3 a marcação. Está demorando mais esse primeiro encontro com o oncologista e a gente sabe que um dia na vida de um paciente oncológico faz muita diferença. As dificuldades ocorrem nas marcações de exames também da radioterapia", afirma.

A Itala recebeu diagnóstico de câncer de tireoide há um ano e ainda não conseguiu começar o tratamento. Ela implora para conseguir se tratar e poder cuidar das filhas.

"Eu preciso urgentemente fazer tratamento. Os médicos dizem que assim que é diagnosticado o tipo da doença, a gente tem que fazer imediatamente os procedimentos, que radioterapia. Até o momento, eu não consegui fazer. Então eu peço, humildemente, encarecidamente, que seja tomada providência, pois eu preciso urgentemente cuidar da minha saúde, cuidar das minhas filhas, que precisam de mim", disse.

A Defensoria Pública Estadual tem buscando soluções para diminuir esse tempo de espera pelo tratamento. Para isso, foi realizada uma reunião com hospitais conveniados e secretarias de saúde, mas na última reunião, que ocorreu na segunda (25), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) não compareceu nem justificou a ausência.

Por meio de nota, a Sesau disse que vai apresentar um plano de assistência a pacientes oncológicos nesta sexta-feira (29) e que as tratativas do plano emergencial já vêm ocorrendo neste mês com a Defensoria. O plano de assistência tem como objetivo garantir o atendimento ambulatorial e zerar a filha de pacientes oncológicos que esperam por cirurgias. A Sesau não explicou porque não foi à reunião com a Defensoria Pública.