A segunda fase da campanha nacional de vacinação contra a gripe no SUS começa nesta segunda-feira (2) com ares de preocupação entre especialistas pela baixa adesão dos idosos e profissionais da saúde, que eram os grupos prioritários da primeira etapa, iniciada em 4 de abril.
A partir de hoje, podem se vacinar os seguintes grupos:
• Crianças de 6 meses até 5 anos incompletos;
• Gestantes e puérperas;
• Povos indígenas;
• Professores;
• Comorbidades;
• Pessoas com deficiência permanente;
• Forças de segurança e salvamento e Forças Armadas;
• Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso;
• Trabalhadores portuários;
• Funcionários do sistema prisional;
• Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas;
• População privada de liberdade.
Em relação às crianças de 6 meses a 5 anos, o ministério esclarece que aquelas que já receberam ao menos uma dose de vacina contra a gripe ao longo da vida devem tomar apenas a injeção deste ano. As que tomarão pela primeira vez devem agendar a aplicação da segunda dose, que é dada após 30 dias.
Idosos e profissionais de saúde que não se vacinaram em abril podem – e devem, segundo especialistas – procurar os postos de saúde para receber o imunizante.
Até sexta-feira (29), dos 30,2 milhões de idosos, apenas 8,2 milhões haviam sido vacinados (27,1% do total). Os profissionais de saúde somam 5,9 milhões, mas apenas 1,56 milhão (26,5% do total) tinha tomado a vacina.
Especialistas manifestam preocupação quando olham os números do ano passado. Entre idosos, por exemplo, a cobertura foi a menor desde 2015: 70,9%; de crianças, 76,8%; e gestantes, 78%.
O patamar desejado é de pelo menos 90%, o que não foi atingido em nenhum dos grupos prioritários.
A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, destacou durante um evento organizado pela farmacêutica Sanofi e pelo Instituto Butantan, na sexta-feira, o risco que determinados grupos como os idosos e pessoas com comorbidades podem ter ao não se vacinar.
"Cada vez mais existe uma relação de vírus – e não estou falando só de influenza – com complicações cardiovasculares. Você ter alguém que teve gripe e depois teve um infarto não é um excesso de falta de sorte e sim uma consequência do que a gente sabe que pode acontecer."
Já o médico Renato Kfouri, membro da diretoria da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e da Câmara Técnica do PNI (Programa Nacional de Imunizações), avalia que a baixa procura em 2021 e neste início de campanha se dá porque a percepção de risco da população em relação à gripe diminuiu.
"Quando a gente tem uma temporada mais grave, com uma cepa mais virulenta, tendo mais hospitalizações, isso chama atenção, e a campanha se desenrola muito mais em função dessa epidemiologia. Quando você tem um ano em que os casos ainda não aumentaram, tem pouca circulação [do vírus], a procura acaba sendo mais baixa. Infelizmente, é um fato que a gente observa há anos."
Kfouri alerta que os grupos prioritários devem buscar a vacinação o quanto antes, já que a tendência é que os casos de gripe aumentem com a chegada do inverno, além de a vacina demorar cerca de duas semanas para conferir imunidade.
"É um raciocínio cultural que a gente precisa mudar: a prevenção se faz antes, não é depois que a doença está espalhada que a gente vai tentar prevenir as pessoas."
Com a volta da população aos ambientes de trabalho e de ensino, cria-se neste inverno o ambiente normal, como existia no pré-pandemia, para a circulação de vírus respiratórios.
"Ano passado e ano retrasado tivemos epidemias muito tímidas [de gripe] em função do próprio distanciamento, da máscara, que evitou a Covid, mas a disseminação de vários outros vírus também", lembra o médico.
O Ministério da Saúde encomendou do Instituto Butantan 80 milhões de doses de vacina contra o vírus influenza. A expectativa em 2022 é imunizar 75,6 milhões de pessoas que fazem parte dos grupos prioritários.
O imunizante está atualizado para as cepas de influenza que devem circular com mais intensidade neste ano, incluindo a H3N2 Darwin, que causou surtos entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 em algumas localidades do Brasil.
A cobertura vacinal de idosos, crianças, gestantes, puérperas, indígenas e trabalhadores da saúde – os maiores contingentes – no ano passado foi de 72,8%. Posteriormente, o ministério abriu a vacinação para a população toda e mesmo assim sobraram doses.
Fonte: R7
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