Os testes em humanos da vacina contra a Covid-19 desenvolvida por pesquisadores da UFMG, em Belo Horizonte, podem começar em novembro. Esta é a próxima etapa antes da produção da vacina em larga escala, uma alternativa eficiente, com tecnologia brasileira e de menor custo.
De acordo com o professor Ricardo Gazzinelli, o estudo recebeu o aval da Anvisa, que certifica a segurança do processo de desenvolvimento do imunizante. Antes disso, já havia a aprovação das autoridades e conselhos de ética em pesquisa.
“Temos algumas formalidades a cumprir, houve algumas modificações no protocolo. Nossa ideia é, assim que as formalidades forem cumpridas, começaremos a divulgar o recrutamento dos pacientes”, afirmou Gazzinelli.
Na primeira fase, o professor espera reunir 80 pacientes, com diferentes perfis. Separa em dois grupos e faz as análises.
Na segunda fase, entra o critério de comparabilidade. É nesta etapa que os pesquisadores vão analisar os resultados obtidos com a SpiN-TEC – a vacina brasileira – em relação às vacinas já disponíveis no mercado. Neste processo, os valores têm que ser melhores ou equivalentes aos imunizantes já existentes.
A terceira fase é uma comprovação de segurança, quando as amostras do nível anterior são ampliadas. Paralelamente, envolve-se a indústria que tenha interesse em produzir a vacina, já com o objetivo de registrar o imunizante.
Reforço
De acordo com Gazzinelli, o objetivo da SpiN-TEC é se tornar um imunizante de reforço. Até porque, boa parte da população que será recrutada para as análises já está vacinada com duas doses. Devem atender ao chamamento dos pesquisadores, aqueles voluntários que foram imunizados em, no mínimo, seis meses antes do estudo.
A expectativa é que, na possibilidade de uma renovação anual da proteção contra a Covid-19, o país recorra a uma produção nacional para distribuir a população.
“Nossa proposta é ter uma vacina que sirva como reforço, caso o Brasil adote o reforço anual”, contou o professor.
Outras vacinas
Os pesquisadores acreditam que o desenvolvimento do imunizante no Centro de Tecnologia em Vacinas (CT-Vacinas), em Belo Horizonte, pode se tornar um marco para outros trabalhos como esse.
“Precisamos ter esse ramo da inovação tecnológica de vacinas, quem faça essa transição da atividade dentro da universidade, faça o protótipo e teste em humanos. Esse é um nicho carente ou praticamente inexistente no Brasil”, afirmou Gazzinelli.
A produção da SpiN-TEC favoreceu os estudos e o desenvolvimento de novos imunizantes para o combate a outras doenças como a malária, leishmaniose em humanos e a varíola dos macacos. Neste último caso, os pesquisadores já trabalham no processo de produção em escala de laboratório.
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