Alardeados como uma alternativa ao tabaco, os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vape, são prejudiciais à saúde e podem causar lesões agudas no pulmão, segundo o pneumologista Flávio Arbex, médico do ambulatório de doenças cardiorrespiratórias da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
“A redução do cigarro comum por meio do eletrônico foi muito abordada pela própria indústria do tabaco, mas não vemos isso com bons olhos. Já existem relatos na literatura médica de pessoas jovens que ficaram com danos pulmonares agudos por causa do uso do cigarro eletrônico, inclusive com necessidade de transplante pulmonar”, afirma o especialista.
Ainda que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíba a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos desde 2009 no Brasil, em uma rápida busca na internet é possível encontrar uma variedade do produto à venda ou mesmo vídeos ensinando como usá-lo.
Um dos atrativos do vape, o uso das essências também é um risco à saúde. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) alerta para os elementos químicos liberados durante os processos de aquecimento e vaporização das essências, que podem conter carcinógenos conhecidos e substâncias citotóxicas causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares, além do próprio dispositivo, que libera nanopartículas de metal.
O pneumologista Flávio Arbex ressalta que já existe uma doença causada pelo uso do vape. Chamada de evali, sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao cigarro eletrônico, os principais sintomas são falta de ar e desconforto respiratório.
“É uma lesão aguda no pulmão. Não temos ideia do que o uso do cigarro eletrônico pode causar a longo prazo, porque é um uso relativamente recente. As pessoas acham que é uma troca simples quando deixa o cigarro convencional por esse [vape], mas não é. Pode ser que a longo prazo vejamos os danos e daqui a 30 anos estejamos pagando um preço por aceitar essa troca”, afirma o médico.
Se a troca do cigarro pelo vape não é recomendada, o uso dos eletrônicos por quem não fuma tabaco também é um risco. Um estudo realizado pelo Inca mostrou que o uso dos dispositivos aumenta em mais de três vezes as chances de uma pessoa que nunca fumou experimentar o cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso.
Isso ocorre porque, segundo o instituto, alguns cigarros eletrônicos podem conter nicotina, o que, consequentemente, pode levar à dependência e à procura por outros produtos que contenham esta substância. Vale ressaltar que o tabagismo, ativo e passivo, é um dos principais fatores de risco para o câncer de pulmão; o Inca estima que o Brasil deve registrar mais de 30 mil novos casos só este ano.
Fonte: R7
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