Três meses depois de ser denunciada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por estelionato pela venda de ingressos falsos para o Rock in Rio, Lívia da Silva Moura, irmã do ex-jogador Léo Moura, se entregou à polícia e vai cumprir prisão domiciliar.
Nesta quarta-feira (14), o juiz em exercício Bruno Arthur Mazza Vaccari Machado Manfrenatti, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, aceitou um pedido da defesa de Lívia solicitando a mudança da prisão preventiva, decretada no dia 4 de setembro, para domiciliar com a justificativa dela ter uma filha de 8 anos deficiente auditiva de grau severo e profundo.
A decisão também obriga o uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, até as 15h20 desta quinta (15), a mulher não havia colocado o aparelho de monitoramento.
"Analisando o presente feito, verifica-se o cabimento da aplicação da prisão domiciliar à investigada, na medida em que a ré possui uma filha menor, contando com oito anos de idade. Pontue-se aqui que não se trata de delito cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. A investigada deverá recolher-se no endereço indicado por ela nos autos, só podendo ausentar-se do local com autorização judicial", escreveu o magistrado.
Quem faz a defesa de Lívia são os advogados Luiz Gabriel de Oliveira e Silva Cury e Mariana Nôga Apáricio. Os advogados informaram que "não falam sobre processo em andamento".
O caso
Em setembro, o juiz Marcello Rubioli expediu um mandado de prisão preventiva contra Lívia por estelionato e organização criminosa. Na época, o magistrado classificou a prática de Lívia como danosa para a sociedade.
"Verifica-se que os crimes perpetrados pela investigada causam enorme perplexidade na população geral e local, uma vez que se solta, o sentimento de existência de máquina estatal a impedir o cometimento de tal delito fica extremamente prejudicado. Desta forma, se torna imprescindível a decretação da prisão preventiva do acusado, visando o resguardo da ordem pública, por necessidade da instrução criminal, e ainda, para assegurar a correta aplicação da lei penal", escreveu Rubioli.
No inquérito da 16ª DP (Barra da Tijuca) que motivou o pedido de prisão, Lívia Moura é apontada como a responsável por um esquema que clonou o site do próprio Rock In Rio para vender ingressos falsos.
Nos primeiros dias do evento, segundo a Polícia Civil, pelo menos 19 pessoas tentaram entrar na Cidade do Rock com os bilhetes vendidos pelo site fraudulento atribuído à irmã do ex-jogador.
Outro inquérito contra Lívia, que corre na 13ª DP (Ipanema), apura prática parecida em que ela teria comercializado entradas para uma empresa, totalizando um prejuízo de cerca de R$ 21 mil. Nesse caso, os ingressos não chegaram a ser entregues e foram negociados por telefone, direto com o dono da empresa lesada.
Há ainda outro registro na 41ª DP (Tanque). A investigação da distrital aponta um valor ainda mais alto no golpe, que teria dado prejuízo de R$ 150 mil.
De acordo com a 1ª Promotoria de Investigação Penal Territorial da Zona Sul e Barra da Tijuca, do MPRJ, Lívia praticou uma fraude contra milhares de pessoas, com estimativa de golpes na casa dos R$ 300 mil.
A Polícia Civil esteve na casa da suspeita, na Freguesia, Zona Oeste do Rio, no dia 5 de setembro, mas ela não foi encontrada. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido e, no local, foram apreendidos ingressos verdadeiros e falsos para o festival.
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