O Ministério Público Estadual (MPE/AL) denunciou o acusado de assassinar a tiros a empresária Carla Janiere da Silva Barros, no último dia 14, após uma discussão dentro da loja da vítima, na cidade de Murici. A ação penal foi proposta pela promotora de Justiça Ilda Regina Reis, titular da Promotoria de Justiça de Murici.
Segundo os autos, o autor dos disparos, que era esposo da vítima, está sendo acusado por homicídio quadruplamente qualificado. O motivo torpe foi comprovado porque o réu possuía intenso sentimento de posse sobre a vítima, de modo que, sem justa provocação dela ou razões prévias que justificassem o fato, praticou a conduta do homicídio.
Carla Janiere da Silva Barros foi assassinada com “cinco projéteis de arma de fogo nas regiões escapular direita, ombro direito e face esquerda, sendo dois dos cinco disparos realizados à curta distância – queima à roupa”. A vítima veio a óbito por decorrência de “choque hipovolêmico, ou seja, perda de sangue provocada por ação de instrumento perfuro-contundente (projétil de arma de fogo), com emprego de meios insidioso e cruel, este caracterizado pelo disparo à curta distância contra a região infraorbital da vítima, qual lhe causou deformidade na face”.
Durante a denúncia, o MPE ressaltou que o meio cruel foi evidenciado uma vez que a vítima já tinha sido atingida por três tiros quando o réu aindam realizou disparos à queima-roupa contra o ombro e o rosto da ex-mulher.
Já o recurso que impediu a defesa da vítima também se fez presente, pois, sem esperar tamanha agressão do companheiro, Carla Janiere da Silva Barros viu-se detida dentro do próprio estabelecimento comercial, tendo sido agredida logo em seguida, sem qualquer possibilidade de se livrar do crime.
O assassinato foi enquadrado também com o agravante do feminicídio porque a vítima foi morta pela simples condição de ser mulher.
A ação penal revela detalhes do relacionamento abusivo vivido por Carla Janiere da Silva Barros. “Não diferente, diante das declarações das testemunhas, inegável que o crime não só teve natureza doméstica e familiar, como também, fora motivada pela condição do sexo feminino, porquanto era notório entre populares que a vítima estava sendo submetida a um relacionamento abusivo, que ia desde agressões físicas à psicológicas, voltadas ao controle e submissão da vítima ao seu companheiro, ora denunciado. Infelizmente, a jovem empresária com futuro promissor, teve seus sonhos tolhidos, sua vida arrancada de forma brutal pelo próprio marido, que impunha submissão e subserviência ao mesmo”, diz um trecho da denúncia.
Os autos também trazem depoimentos de várias testemunhas e, uma delas, ao ser ouvida pela autoridade policial, contou que Jeferson Marcos pediu demissão da empresa onde trabalhava anteriormente para ficar trabalhando exclusivamente na loja inaugurada pelo casal dias antes da tragédia acontecer. “Ele queria ter controle total da vida da vítima e não deixava a Carla falar com as pessoas na rua, com amigos ou familiares e, se ela o desobedecesse, apanhava”, contou Cícera Maria da Silva, avó da mulher assassinada.
“Estamos diante de mais um caso onde a mulher não pode ter direito à dignidade, não pode ter sucesso na vida profissional, devendo fazer parte do patrimônio marital. Infelizmente, a Carla Janiere entrou para as estatísticas de vítimas de feminicídio no país, tendo sido assassinada em razão da sua condição do sexo feminino”, declarou a promotora Ilda Regina Reis.
Entenda o caso
Carla Janiele Barros da Silva, de 24 anos, foi morta a tiros dentro do seu estabelecimento comercial no dia 14 de novembro. O acusado foi preso em flagrante com a arma do crime. A vítima foi atingida por disparos de arma de fogo em várias partes do corpo e entrou em óbito antes do socorro da emergência.
O crime ocorreu dentro da loja de roupas femininas da vítima, localizada em uma galeria comercial no Centro da cidade.
Menos de 24 horas da morte da jovem, a loja foi esvaziada. Vizinhos do estabelecimento comercial informaram aos policiais que familiares do acusado seriam os responsáveis por levar todos os produtos e acessórios que existiam dentro da loja. Inclusive, eles utilizaram um caminhão-baú para retirar do local toda mercadoria. O caso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil.
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