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21/11/2022 08:09
Justiça

Mergulhador aciona a Justiça para denunciar crime de injúria racial em Alagoas

Ele foi chamado de macaco por uma mulher na Praia do Francês
/ Foto: Divulgação

Lucas tem 27 anos e trabalha como mergulhador na praia do Francês, em Marechal Deodoro. No dia 21 de setembro, ele estava conversando com um grupo de turistas, explicando as estratégias para o mergulho, quando de repente uma mulher chegou perto do grupo e começou a discutir com ele.

“Ela falou, entre outras coisas, dizendo que eu trabalhava em um canto e outro pulando de ganho em galho como macaco. Eu perguntei se ela estava me chamando de macaco e ela disse sim, é isso mesmo que você escutou”, conta o rapaz.

Ele disse ainda que ficou muito mal, “fiquei pensativo fui trabalhar com a minha consciência pesada sobre essa agressão verbal que tinha feito com minha pessoa”, e completou, “porque eu não sou um macaco, sou ser humano”.

Abalado, Lucas Teles não hesitou e buscou ajuda jurídica. “O importante é a gente não deixar passar esse tipo de coisa né (…) Na nossa sociedade isso é uma coisa que já não tem que mais existir”, afirmou, “pessoas que estão passando por essa mesma necessidade não se cale, fale mesmo por você e por outras pessoas que também passam por esse tipo de situação”.

Jerônimo da Silva advogar de forma gratuita para Instituto do Negro de Alagoas, ele contou como Lucas estava quando chegou até ele procurando ajuda. “Ele estava visivelmente nervoso, visivelmente constrangido, característica de uma pessoa que passou por uma situação de violência”, disse o advogado.

Ao analisar o caso, Silva decidiu entrar com dois tipos de ações contra a agressor. “É um caso que pode ser tipificado no código penal, injúria racial. E também nós entramos na esfera Civil comum com a ação de danos morais”, esclareceu.

Segundo o desembargador Tutmés Airan da Comissão de Direitos Humanos do TJ os crimes de racismo e injúria racial, ainda são bastante comuns em Alagoas e no Brasil. “A injúria é digamos é uma ofensa mais simples, porque ela é direcionada a uma pessoa específica num caso também específico. O crime de racismo não, crime de racismo, combate-se através dele o preconceito, ou a discriminação em razão de raça de etnia, de religião por exemplo”, esclareceu o magistrado.

Para o desembargador o Dia Nacional da Consciência Negra comemorado em 20 de novembro é uma data que deveria fazer as pessoas refletir mais sobre atitudes como esta, que acabaram atingindo Lucas. “Eu acho que é uma também data muito simbólica no país, nós fomos colonizados, pelo trabalho, pela população escrava que inclusive boa parte dela foi sequestrada e trazida à força. Sofreram em terras brasileiras, nós temos uma dívida com essa população, na verdade pagar essa dívida com eles e com os seus descendentes”, concluiu.

Fonte: AlagoasWeb com TJ/AL

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